sexta-feira, maio 23, 2025

TRUMPISMO À PORTUGUESA

Tudo, neste tempo acontece de um momento para o outro, abruptamente, disruptivamente; a mudança quer-se que aconteça em nossas vidas em fase com as mudanças científico-tecnológicas que permitem as redes sociais. Redes essas que permitem fáceis e imediatas manipulações de conhecimentos que levam a que qualquer analfabeto, aluno burro, iletrado e mal educado que nunca leu história ou história das ideias para elaborar raciocínios e pensamentos lógicos, coerentes, realizáveis, rapidamente se invente como um convencido de sábio que tem soluções imediatas no seu "pensatório" tal como tem na sua caixa de ferramentas a solução para tratar avarias de instalações domésticas.

A mudança sempre foi de todos os tempos e a sua temporalidade acompanha acoplado mas desfasadamente o desenvolvimento científico e tecnológico, ético e estético de cada época. É de todos os tempos porque faz parte da essência humana mudar e ultrapassar o que existe em cada momento de suas vidas e, consequentemente, do estado histórico onde está encerrado e sobrevive. É a marca de hoje e todos os tempos e é também, e sobretudo, da democracia o regime que teoricamente mais se aproxima dessa necessidade de mudança quando as situações estagnam.

 Medidas ‘revolucionárias’ produzem mudanças bruscas ou mesmo rupturas na linha contínua dos costumes gregários, geracionais, da vida dos povos e suas circunstâncias; daí que tudo, mais cedo que tarde, volte à sua linha contínua interrompida; o gigantismo cósmico que constitui a roda de balanço ou volante de inércia que é uma comunidade humana em marcha de rotina normal não permite paragem, logo não permite roturas completas; funciona sempre na sua zona elástica ou resiliência humana pelo que regressa sempre ao seu estado inicial.

O Chega já atingiu o seu brilho de encandear todos que preferem mudanças abruptas; já deixou de ser a luz de pilhas que dava luz aos ignorantes incompetentes da vida para ser farol dos vencidos e mal-parados da vida e agora quer ser o sol brilhante que encandeia os portugueses; agora quer ser o que “Cega”, aquele que cega todos que, sentidamente têm razão de queixa e na enxurrada atrai por encandeamento os ignorantes, incompetentes, ressabiados vingativos e oportunistas, os excluídos por falta de qualidades, prometendo um acerto de contas contra a democracia, seus valores e defensores das liberdades pessoais. 

É de notar, agora, a alegria dos que afirmam, por tudo e por nada, que a democracia é uma farsa sem conteúdo que de tal apenas sobra a ‘forma’, o formalismo e a burocracia onde não há escolha e mudança, onde tudo é feito nas costas do povo e este só conta para dar o voto a quem já foi pré-escolhido e que, logo, depois o povo é esquecido. Pois bem, como demonstram todas as eleições algo muda sempre em alguma coisa e, como demonstram estas eleições mesmo democraticamente algo de tipo revolucionário ou reaccionário pode nascer de um ato eleitoral.
O revolucionarismo tal como o reaccionarismo são atos de desespero dos povos; são a tentativa de cura para males sentidos como sem solução à vista; são saltos no escuro negro à procura de sol radioso; saltos para buraco escuro sem luz e sem rede.
Só a democracia permite saltos com rede.

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