MARCELO, O SEM-ABRIGO
Nesta nulidade retórica discursiva sobre o que ficou claro transformou
Marcelo numa apagada sombra na medida em que acrescentou sombra aquela
em que já se transformara desde há tempos.
O vazio do discurso sinaliza que Marcelo perdeu capacidade de envenenar
através de sua picadela traiçoeira; a natureza da personagem é sentir-se
em liberdade e à vontade para picar e envenenar tudo que o rodeia e lhe
faz frente. Ora, neste momento, não se sente com o aval suficiente
junto dos portugueses para agir segundo a sua natureza o que lhe retira
capacidades de mentir, intrigar e envenenar cantando e rindo.
Desde o seu conseguimento do despejo de Costa nunca mais foi dar uma
volta à noite pelo Jardim do Império para acalmar o calor do seu veneno.
Nem deve dormir tão sossegado como quando, friamente, tal como os
fantasmas vampirescos planeava a forma e o modo de aplicar a picadela
mortal.
Mais um pobre desgraçado caído na ruína; outro cavacoiso. Ou mais um
futuro rico sem-abrigo, não aquele que fingiu ser quando ia juntar-se a
eles e prometia extingui-los mas, o que vive refugiado de si mesmo
porque ninguém mais acredita nele ou o escuta.
Etiquetas: marcelo na abertura de 2024
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