quarta-feira, janeiro 03, 2024

MARCELO, O SEM-ABRIGO


 

Nesta nulidade retórica discursiva sobre o que ficou claro transformou Marcelo numa apagada sombra na medida em que acrescentou sombra aquela em que já se transformara desde há tempos.
O vazio do discurso sinaliza que Marcelo perdeu capacidade de envenenar através de sua picadela traiçoeira; a natureza da personagem é sentir-se em liberdade e à vontade para picar e envenenar tudo que o rodeia e lhe faz frente. Ora, neste momento, não se sente com o aval suficiente junto dos portugueses para agir segundo a sua natureza o que lhe retira capacidades de mentir, intrigar e envenenar cantando e rindo.
Desde o seu conseguimento do despejo de Costa nunca mais foi dar uma volta à noite pelo Jardim do Império para acalmar o calor do seu veneno. Nem deve dormir tão sossegado como quando, friamente, tal como os fantasmas vampirescos planeava a forma e o modo de aplicar a picadela mortal.
Mais um pobre desgraçado caído na ruína; outro cavacoiso. Ou mais um futuro rico sem-abrigo, não aquele que fingiu ser quando ia juntar-se a eles e prometia extingui-los mas, o que vive refugiado de si mesmo porque ninguém mais acredita nele ou o escuta.

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