terça-feira, março 13, 2018

INAUGURAÇÃO.


Desde sempre o Homem que nasce livre teve necessidade de juntar-se a outros homens e viver em comunidade partilhando a sua defesa e conhecimentos.
Foi determinante para o desenvolvimento das comunidades a reunião familiar inicial, depois entre famílias e mais tarde na tribo, comunidades de tribos cidades e povos. Foi a troca de ideias, de práticas e de experiências que geraram o conhecimento que gerou a evolução e o trajecto da humanidade até hoje.
E essa evolução e trajecto do Homem sobre a Terra até onde estamos hoje, não só não dispensa como aumentou a necessidade do Homem se juntar para dialogar acerca dos problemas, cada vez mais complexos, que diariamente surgem quer num povo localmente quer entre povos a nível global.
Também numa comunidade pequena a necessidade de trocar conversas e histórias, dar opiniões, tecer críticas e ter ideias acerca de como resolver problemas da comunidade, como é o caso dos  Gorjões, se faz sentir entre os melhores conhecedores dos problemas locais que são os seus habitantes.
Foi assim que, por volta do início dos anos'80 do século passado, alguns gorjonenses regressados da emigração e outros, quando se viram privados dos velhos poeais de rua onde costumavam juntar-se para cavaquear à vontade sentiram necessidade de voltar a ter um espaço próprio seu para estar juntos e "dar à língua".
Pensado e feito. Uns foram buscar um pau de poste da linha telefónica abandonado numa valeta da estrada, outros foram buscar a uma velha casa abandonada duas pedras iguais trabalhadas para ser suporte de um pau como aquele do poste dos CTT.
Quase da noite para o dia surgiu, instalado numa esquina do cruzamento local e centralidade dos Gorjões, um banco de pau improvisado mas perfeito para a função de seu destino. Ali, durante décadas, velhos homens de antigas famílias gorjonenses, voltaram a juntar-se para trocar histórias antigas locais e novas histórias da emigração matando saudades com alegria e felicidade.
Foram esses mesmos homens gorjonenses, criadores utilizadores do banco do pau que, pelo costume de ali trocarem diariamente novidades deram em chamar ao dito banco o "Jornal do Pau".
É justo a inauguração de um monumento escultórico da autoria do pintor-escultor Adão Contreiras, precisamente, representando a história desses homens reunidos no banco do pau e é bonita a homenagem e perpetuação de sua memória no próprio "palco" onde foi representada.

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