sábado, janeiro 31, 2015

AMENDOEIRAS, FAVAS E FLORES.

AMENDOEIRA

Linda princesa vinda das terras de neve
dar o nó convencida
que nesta árvore brilhante de branco florida
plantada na terra revestida de flores de vida breve
nasciam e tombavam flocos de leveza tão leve
como aqueles que vira tombar toda a vida
à janela de seu palácio em terras do Norte.
 Não se enganou e seu príncipe consorte 
amoroso naquele tempo como a lenda diz
tudo fez para trazer sua princesa feliz
mandando plantar por todo reino Algarvio 
  aquelas árvores que mesmo sem tempo frio
cobriam a terra de neve sob a forma de flores
e mantinham acesos os seus amores


Foi assim naquele tempo lendário
tão antigo que já ninguém recorda
como foi porque hoje é ao contrário
desse tempo bonito mandado borda
fora da nossa vista e do nosso diário
onde tais árvores outrora rainhas de trono
foram entregues ao abandono
total da natureza impiedosa
que matou a neve de flores nossa beleza
maior e maravilhosa
de encantar princesas e dar ao povo riqueza.



FAVAS

Ainda hoje é uma conjectura dos históricos
porque razão os pitagóricos
 odiavam o belo e saboroso fruto chamado fava
tanto que nem seu nome pronunciava
e sendo brilhantes sábios de contas e números
a quem as comesse ou simplesmente olhasse 
tratavam como odientos energúmenos.
E outra vez a lenda nos informa 
que sábios e filósofos de ponta e elevada classe
científica sujeitos à crença feita dogma e norma
sob a ideia de um detalhe feito fetiche danado
pode perturbar qualquer intelecto bem formado
em filosófica autoridade.
Assim uma vez na escola pitagórica uma sumidade 
profere;
que seja odiada e retirada da nossa vista e tido
como nefasto e maldito esse fruto parido 
duma flor blasfema e infeliz
que quer representar e ser o púbis
e sexo duma mulher.

A vida é feita de mudança; o que ontem era um sinal atroz
de filosófica rejeição 
é hoje sinal de humana atracção
que amplia e nos dá voz
grossa para mandar à fava em tom solene
todo aquele que odiar as favas nos ordene.



FLORES

E as flores senhor de omnisciência
porque as fazeis passar da beleza 
mais fantástica e pura à impureza
do estrume contributo segundo a ciência 
de Lavoisier de nova florescência 
e nova maravilha de tons e cores
que nos fere a vista e ferra
a alma deslumbrada e perdida
de tanta beleza fecundada e parida 
das anuais festas de núpcias e amores
imortais entre o Sol e a Terra.

No ciclo de beleza que uma simples flor encerra
 percebe-se bem a natureza da vontade
dos amores eternos entre o Sol e a Terra;
preservar a beleza da vida na eternidade.


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