terça-feira, junho 16, 2015

O SENHOR ALIVIADO

O senhor sentiu-se "aliviado" quando inscreveu por seu punho, na declaração salazarista para o seu lugarzinho na Função Pública, que se sentia bem integrado no regime vigente.
O senhor sentiu-se "aliviado" quando mobilizado para a guerra colonial passou o tempo na secretaria bem instalado na capital moçambicana enquanto os desonestos porcos, feios, maus e não integrados andavam nas picadas e matas aos tiros de vida ou  morte.
O senhor sentiu-se "aliviado" quando, depois de abandonar sorrateiramente o barco das finanças do governo Sá Carneiro, salvaguardando-se das palermices que fez, e de ser contra a integração europeia, voltou como 1º ministro quando os fundos europeus jorravam torrencialmente e os pôde distribuir pela sua escola de amigos e discípulos.
O senhor sentiu-se "aliviado" quando, mal foi informado pela malta discípulos da sua escola de que o BPN era um ninho de vigaristas coruptos que tinham sacado e secado e levado o banco à falência iminente, imediatamente foi vender as acções ao dono que lhas tinha oferecido, com lucros obscenos para acções não cotadas.
O senhor sentiu-se "aliviado" quando, após a inventona das escutas de S.Bento a Belém terem sido desmascaradas e os rumores de vigarices sobre a sua ligação ao BPN, acções e casa da coelha, teve a oportunidade de promover e apadrinhar a subida ao governo do seu partido e este lhe permitiu aliviar-se e poder dormir sossegado.
O senhor sentiu-se "aliviado" e vingado com a prisão de José Sócrates pensando que o calava e destruía de vez mas anda incomodado por que não o consegue calar e, pior, não sabe o que pode e tem Sócrates para dizer dele nas suas memórias.  
O senhor, agora em fim de carreira, sente-se "aliviado" e de ego transbordante porque ganhou várias eleições com maiorias absolutas. O senhor pode sentir-se "aliviado" de tudo e continuar a passear a D.Maria e dizer vulgaridades jarretas pelo mundo até ao último dia, contudo, com tal alívio do senhor sente-se o povo em pesadelo e a História encerrá-lo-á numa página  negra de chumbo.

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