segunda-feira, agosto 20, 2018

PACHECO, ELE MESMO, SEMPRE


                                           JPP
«Eu não sei qual a responsabilidade do Governo, mas terá certamente muita.»

«No entanto, neste caso, gostaria de saber mais, saber até que ponto um número significativo de casas foram salvas sem os bombeiros e como.»
«o País e o seu povo são pobres, ainda muito pobres. Entre outras coisas vejam (nas entrevistas da tv) o número de pessoas que não têm dentes, que se percebe que nunca tiveram cuidados dentários.

Pacheco Pereira em "OS FOGOS E O TRATAMENTO SUPERFICIAL DE UMA COISA SÉRIA" na "Sábado"

Três casos típicos da maneira característica (de carácter) de Pacheco abordar as questões.
N0 primeiro caso inicia a análise afirmando que não sabe qual a responsabilidade para de imediato concluir o pensamento com a afirmação algo categórica de que é muita essa responsabilidade. Se desconhece o grau de grandeza de uma quantidade como pode afirmar de imediato que é muita, isto é, que é de grau muito elevado.
Claro, flores de retórica sofística.

No segundo caso, este ainda mais frequente em Pacheco, acerca de casas salvas sem ajuda dos bombeiros, ele confessa que sabe pouco ou nada e de pronto assinala imediatamente que gostava de saber mais e outros dados e pormenores para se pronunciar do seu sentimento e opinião acerca do caso.
Contudo, entretanto, já se pronunciou pouco clara mas subrepticiamente pouco escondida declarando a sua “sensação de que se estivessem perto de suas casas podiam salvá-las”.
Ainda neste caso Pacheco parece continuar fazendo o “frete” ao “cm” pela sua pensão de opinador na “Sábado”. 
O “cm”, que segundo Pacheco é o jornal que procura as notícias que interessam ao povo e lhe são úteis, a certa altura em Monchique mostrou uma família a apagar com uma mangueira doméstica um pequeno monte de pasto seco ajuntado junto de casa à beira da estrada onde não se avistavam quaisquer vestígios de fogo de incêndio nas matas ao redor nem, claro, bombeiros próximo. Quase deu a sensação imediata de uma encenação para a câmara de “reportagem” da “cmtv”.
Deve ser imagens como esta que levam Pacheco a imaginar que os moradores equipados de pequenos depósitos de água e uma pequena electrobomba e mangueira de apagar fogareiros podem ser capazes de enfrentar as labaredas gigantescas do fogo incendiário da floresta lançado à velocidade do vento. 
E nem se lembra que tal fogo imparável da mata ou eucaliptal a arder, certamente, quando se aproxima da casa já queimou os cabos de ligação eléctrica à casa e nenhum aparelho eléctrico funciona de apoio à mangueira de regar o jardim.
No terceiro caso leva-nos a pensar num Pacheco que, a ver televisão, se sente numa feira de animais a fazer de aprendiz de cigano ou negociante de gado a verificar a boca dos cavalos ou muares para, pela observação dos dentes, saber a idade e valia dos mesmos animais.
Para ele a pobreza em Portugal mede-se pela observação de bocas desdentadas de portugueses dos campos e serras do país. Ele, um intelectual pensador, nem se lembra que poderá tratar-se mais de uma questão cultural do que de verdadeira pobreza. Ou, se se quer falar de pobreza seria mais adequado  falar de pobreza cultural na continuação da tradição de cuidados e tratamentos de saúde da escola de instrução sanitária salazarista.
Porque, salvo raras excepções, os homens que ainda continuam e subsistem na serra são sempre pequenos e médios proprietários que exploram pequenas parcelas que, no caso de Monchique, são de floresta de eucalipto mas também de castanheiros, medronheiros ou sobreiros donde retiram um maior ou menor rendimento anual que não é de dimensão do miserável.  
O seu modo de estar à vista na vida do dia a dia como camponês que labora todo o tempo na terra e com animais de criação doméstica dá-lhe o ar artificial de sujo e miséria mas isso é a aparência que adopta de moto-próprio culturalmente como modo de defesa pessoal e de seus bens e teres.
Os seus trajes podem ser de pedintes, as suas bocas podem ser desdentadas ou não ter dentes, o seu falar de homem do campo a sério, não o do que corre para o microfone aliciado pelas "tv" para despejar o saco de opiniões feitas, é de quem sente e diz dos incêndios da floresta que são o resultado de uma ganância.
Pacheco, historiador falhado político, assentado nos cadeirões dos estúdios das "tv" ou da casa da Marmeleira rodeado de livros e papelada do lixo das campanhas eleitorais não tem vida ou história pessoal para entender a vida do homem do campo. 
E desse modo é ele próprio que, sem vida prática para conhecer os problemas do campo, dos portugueses e dos fogos,  acaba por ser o maior autor de superficialidades acerca de coisas sérias.
Pacheco, ele mesmo, sempre.

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