terça-feira, abril 15, 2014

PORTUGAL, O NOVO ELEFANTE BRANCO.

 
Ao longo da vida conheci três grandiosos empreendimentos iniciados com pompa e circunstância e depois, conforme as vicissitudes político-económicas e os humores dos governos, remetidos para estudos de rentabilidades várias, andaram longos anos ao sabor do pára-arranca ou deixados ao abandono, e como tal considerados "Elefantes Brancos".
Um, foi a Barragem de Cabora Bassa em Moçambique, obra de propaganda do regime salazarista lançada no final dos anos'60 para marcar internacionalmente a grandeza da bondade da política colonialista a bem das províncias ultramarinas e do indigenato.
A grande barragem hidroeléctrica, sobretudo dirigida para servir necessidades da África do Sul, foi justificada como sendo a varinha mágica do desenvolvimento moçambicano.
Construída já em pleno decurso da Guerra Colonial, esta grandiosa obra, simbiose da natureza e da engenharia, foi um "Elefante Branco" durante cerca de quarenta anos.
Só recentemente, passados 40 anos, entrou em funcionamento e exploração plena.

Outro, lançado já em tempo de agonia do regime salazarista com Marcelo Caetano ao leme, consistiu na decisão de construir um gigantesco "Complexo Industrial e Portuário " em Sines.
Dada a crise petrolífera de 1973 e depois o 25 Abril, seguido da independência das colónias, especialmente Angola da qual o petróleo era a base do empreendimento, de imediato o projecto foi mandado parar para revisão do projecto face às novas circunstancias.
Durante os governos provisórios e depois nos constitucionais até aos anos'80 o projecto andou aos solavancos: uns eram pelo abandono do "Elefante Branco", outros pela recuperação e assim se foram concluindo as obras principais até que no início do Séc. XXI o projecto adquiriu uma arquitectura definida e foi relançado sem reservas como polo estratégico para o país.
Foram precisos 30 anos para concluir da importância da obra hoje considerada a menina dos olhos do país a quem são devidas todas as obras de acesso e escoamento como futura porta de entrada da Europa.

O outro, lançado em 1976, já pelo regime democrático logo após uma incipiente estabilização social, foi a Barragem do Alqueva, o maior lago artificial da Europa.
Concebida como obra de grande envergadura de áreas de regadio e produção hidro-eléctrica destinar-se-ia a polo de desenvolvimento do Alentejo interior. Com apenas as infraestruturas preliminares efectuadas logo se entrou na discussão técnico-financeira do dá-não-dá, no serve-não-serve, no pára-arranca-pára-arranca até se concluir a barragem propriamente dita e fechar as comportas em 2002.
Durante este período e também depois de 2005, data da decisão de concluir e aumentar a potencia instalada e áreas de rega e até 12 de Janeiro de 2010 quando a albufeira atingiu a altura da cota máxima, isto é, durante 34 anos, o projecto do Alqueva é tratado pelos seus detractores como o novo "Elefante Branco" de Portugal.
Finalmente, com a central hidro-eléctica de potencia reforçada a produzir, a rede de águas a alargar-se para extensas áreas de regadio, as enormes potencialidades de reserva de água e turismo náutico, os detractores imobilistas calaram-se e, face ao aumento de exportações agrícolas graças à obra, os mesmos detractores agora cantam hossanas ao Alqueva.

Resolvidos pelos portugueses e a bem de Portugal estes gigantescos casos de "Elefantes Brancos" eis que toma posse, em 2011, o XIX governo da República.
E imediatamente resolve parar, desmantelar, riscar, rasgar, apagar, destruir, arrasar todas as iniciativas existentes quer nas obras públicas tradicionais ou inovadoras quer no conhecimento e investigação, o que provocou a paralisação da economia e um desemprego impensável.
Então:
As autoestradas e estradas ficaram às moscas.
Empregados ficaram desempregados e andam aos caixotes do lixo.
Os empregados não ganham para sobreviver e andam no banco alimentar.
Os velhos e pobres morrem envergonhados fechados em casa por falta de alimentos e abandono.
Os filhos dos desempregados matam a fome nas cantinas escolares.
Os doentes morrem enquanto esperam pelas consultas e falta de medicamentos.
Os melhor preparados, jovens e menos jovens, partem revoltados e de mal com o país.
Os casais férteis não querem filhos porque não têm meios de os sustentar e educar.
Todos os portugueses fora do poder ou não milionários são empurrados para o estado de proletários.
Metade dos portugueses estão na pobreza ou em vias de cair nela.
assim:
Portugal, o país mesmo, tornou-se ele próprio na sua totalidade um "ELEFANTE BRANCO".
Será que vamos esperar, novamente, dezenas de anos como prometem, para resolver este estado de animalidade!

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