UMA COISA QUE OS GREGOS FAZEM BEM; PENSAR.
Tal como Miguel Sousa Tavares deveria ser obrigado a ver e estudar todos os dias, o resto da vida, o debate televisivo entre Sócrates e passos coelho para as legislativas e os pc e bloquistas a ouvir e estudar duas vezes ao dia, o resto da vida, os discursos de Vieira da Silva e Pedro Silva Pereira no Parlamento no dia da votação do PEC IV, também cavaco silva e passos coelho deveriam ser obrigados a frequentar, o resto da vida, um curso de novas oportunidades sobre a História Clássica Grega; talvez assim pudessem atingir a compreensão da grandeza da dívida que o mundo tem para com a Grécia.
Quando Homero, Hesíodo e outros grandes poetas gregos começaram a escrever poemas que já continham uma forte componente de fundamentação moral, política e filosófíca ainda nem sequer eram conhecidos os Lusitanos e mesmo depois de existirem Reis e Reino de Portugal só cerca de século e meio depois, com D. Dinis, os reis e príncipes do reino aprenderam a ler e escrever.
Quando o pensamento dominante no mundo era único e do foro religioso dogmático surgiu o subversivo grego Tales de Mileto e, pondo-se a pensar e reflectir sobre o mundo vivo do céu e da terra, concluiu que tudo o que existia não seria criação dos deuses mas que devia haver um princípio físico comum que participava e dava vida aos seres vivos.
De seguida surgiram em toda a Grécia escolas subversivas que se dedicavam a estudar e discutir acerca de qual era o princípio físico que melhor explicava a criação e existência de vida e para justificarem suas posições descobriram fundamentos com base em proposições filosóficas e raciocínios lógicos que ainda hoje são fonte de acesas discussões académicas impressas em milhões de livros em todo o planeta.
Baseado no pensamento colocado pelos sábios no Oráculo de Delfos "Conhece-te a ti próprio", que já em si era uma subversão sobre a omnisciência dos deuses dos quais, estava admitido e assumido, provinha tudo o que era do conhecimento e capacidades humanas, um subversivo sábio filósofo de rua e praças de Atenas questionava todos acerca do que realmente conheciam e entendiam e qual o significado e desígnio das coisas vivas.
Nesse tempo também já haviam muitas Leis escritas que regulamentavam a vida dos cidadãos na Cidade contudo, o tal sábio-filósofo, não obstante ser um escrupuloso observador da Lei ao ponto de afirmar e ensinar que "mais vale sofrer uma injustiça que infringir a Lei", acabou condenado à morte acusado de, com os seus ensinamentos inovadores nas ruas e praças de Atenas, subverter a juventude e descrer e fazer desacreditar os dogmas religiosos acerca dos deuses da Cidade.
Acusado e condenado por querer subverter as Leis escritas da Cidade, fiel à sua filosofia de total respeito e obediência à Lei, preferiu sujeitar-se à força de Lei e beber a cicuta para morrer a sobreviver exilado.
Os sábios-poetas-filósofos-tragediógrafos atenienses já haviam tomado a actitude altamente subversiva de considerar acima, mais respeitável e importante que as Leis Escritas da Cidade as Leis não Escritas a ponto de estas serem justificação suficiente para desobedecer às Leis da Cidade; as Leis dos homens feitas e escritas para regulamentar cada tempo histórico podem condenar e matar o homem concidadão subversivo mas serão impotentes perante a caducidade de uma Lei que já se tornou injustiça e já fez nascer uma Lei em Ideia ainda não escrita mas que será a futura Lei Escrita da Cidade.
Cada poder instalado estabelece as leis para sua própria vantagem e quando a prática revela a injustiça dessas leis escritas os povos que as sofrem vão exigir que se estabeleça novas leis, a bem democraticamente ou à força revolucionariamente.
Todas as Leis e Regulamentos escritos são perecíveis e substituidas por novas Leis que primeiro foram ideias subversivas relativamente ao poder estabelecido.
Os gregos foram os pais subversivos que desligitimaram o pensamento mitológico caduco e introduziram e priorizaram a racionalidade lógica no pensamento e, com tal sábia iniciativa, nos legaram o maior império cultural de que há memória o qual é ainda hoje a fonte de todo o nosso conhecimento e base da nossa civilização; depois deles, e já lá vão 25 séculos, continuamos, como eles, a questionar o que é e qual a natureza e origem da justiça, a virtude, a coragem, a sabedoria, a moderação, o vício, o amor, o belo, o bem e o mal, o justo e o injusto.
Platão, o maior pensador universal de sempre e o maior dos gregos dizia que "o homem ama sobretudo aquilo que julga ser do seu interesse, cujo êxito ou fracasso considera como seu" e que " tudo o que nos engana parece seduzir-nos" pelo que, mesmo propondo uma educação e condições especiais e severas para que alcançassem a máxima perfeição de homens virtuosos e justos, e serem o escol dos cidadãos, todos que seriam escolhidos para Guardas das Leis e da Cidade da sua Républica ideal, ainda assim duvidava se as suas proposições filosóficas não seriam filhas da opinião "que não é mais do que a força que nos permite julgar pela aparência" e, deste modo, quando mais velho e maduro, questionar-se:
sendo dado todo o poder aos supostos virtuosos Guardiões das Leis e da Cidade quem guarda os Guardas dos seus erros, ambições e vinganças!
Não restam dúvidas, uma coisa que os gregos sabem fazer bem é; pensar.
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