sexta-feira, março 24, 2017

TARDE DE POESIA NA PADARIA




UM PARTICIPANTE QUE NÃO CONSTA DO VIDEO DE VIVA VOZ LEU O SEGUINTE POEMA DE SUA AUTORIA
No princípio era a palavra, a chave dos poetas
Em poemas inspirados por Musas invisíveis
Para desvendar temas e ideias secretas
Da Natureza, para elevar o saber a níveis
Nunca antes sabidos, desligar-se de profetas,
De mitos de deuses e deusas insensíveis.
Foi tempo de com palavras-ideias concretas
Fazer poemas únicos, imortais, imperecíveis.

Foi tempo da palavra dos poetas visionários
Que pela inteligência se tornaram maravilha
Entre os homens, e até deuses operários
Criaram a lira musical e com ela mais brilha
O poema e se fez canto de contestatários
banidos, exilados, fugidos de alguma pandilha
Mas nunca calados, antes cantando ideários
Novos que foram para o mundo, uma cartilha.
     
Esse foi o tempo inicial dos poetas dados a Musas
Que educaram o mundo com o poema-ideia.
Mas hoje que mensagem e pensamento usas
Poeta de agora, que cantas tu, acaso a epopeia
De não-qualidades, as banalidades  obtusas,
As metáforas sucessivas sucessivamente em cadeia
Indecifráveis , inócuas, onde a poesia escasseia
E a revolta e esperança estão do paleio reclusas.

Que nos dizes, que nos indicas, que nos apontas
Para a vida que é preciso ter para viver a vida
Ter esperança, suportar a raiva e o faz de contas
que é julgar ser dono de si e não coisa vendida
À hora, ao dia, ao mês, ao todo e sempre prontas
A vender-se e revender-se até ser coisa consumida.   
Que pista, poeta daqui, nos dás na tua poesia lida!
De que falas, o que nos cantas, o que nos contas!
       
Ficas êxtaseado a poetar do indefinido conteúdo
Poético contido preso nas bolas de sabão.
Ficas exausto com pensar grande acerca do miúdo
Se a esperança fugiu da caixa para se meter num caixão
Ou anda perdida como tu poeta do nada de tudo.
E se voltasses às ideias e não a vê-las por um canudo
Ou recusar o medo e como Prometeu por tua mão
Dar novo fogo ao homem para dar fogo à mansidão.

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