TARDE DE POESIA NA PADARIA
UM PARTICIPANTE QUE NÃO CONSTA DO VIDEO DE VIVA VOZ LEU O SEGUINTE POEMA DE SUA AUTORIA
No princípio
era a palavra, a chave dos poetas
Em poemas inspirados
por Musas invisíveis
Para
desvendar temas e ideias secretas
Da Natureza,
para elevar o saber a níveis
Nunca antes sabidos,
desligar-se de profetas,
De mitos de
deuses e deusas insensíveis.
Foi tempo de
com palavras-ideias concretas
Fazer poemas
únicos, imortais, imperecíveis.
Foi tempo da
palavra dos poetas visionários
Que pela inteligência
se tornaram maravilha
Entre os
homens, e até deuses operários
Criaram a
lira musical e com ela mais brilha
O poema e se
fez canto de contestatários
banidos,
exilados, fugidos de alguma pandilha
Mas nunca
calados, antes cantando ideários
Novos que
foram para o mundo, uma cartilha.
Esse foi o
tempo inicial dos poetas dados a Musas
Que educaram
o mundo com o poema-ideia.
Mas hoje que
mensagem e pensamento usas
Poeta de
agora, que cantas tu, acaso a epopeia
De não-qualidades, as banalidades obtusas,
As metáforas
sucessivas sucessivamente em cadeia
Indecifráveis
, inócuas, onde a poesia escasseia
E a revolta
e esperança estão do paleio reclusas.
Que nos
dizes, que nos indicas, que nos apontas
Para a vida
que é preciso ter para viver a vida
Ter
esperança, suportar a raiva e o faz de contas
que é julgar
ser dono de si e não coisa vendida
À hora, ao
dia, ao mês, ao todo e sempre prontas
A vender-se
e revender-se até ser coisa consumida.
Que pista,
poeta daqui, nos dás na tua poesia lida!
De que
falas, o que nos cantas, o que nos contas!
Ficas êxtaseado
a poetar do indefinido conteúdo
Poético contido
preso nas bolas de sabão.
Ficas
exausto com pensar grande acerca do miúdo
Se
a esperança fugiu da caixa para se meter num caixão
Ou
anda perdida como tu poeta do nada de tudo.
E se voltasses às ideias e não a vê-las por um canudo
Ou
recusar o medo e como Prometeu por tua mão
Dar novo fogo ao homem para dar fogo à mansidão.Etiquetas: gorjões, poesia na antiga padaria
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