terça-feira, junho 27, 2017

COMENTÁRIO A UM "ANTICAPITALISTA" MILITANTE.



Caro Anticapitalista,
Uma vez que me cita no seu comentário comentando-me quase de modo a fazer-me um repto a comentá-lo vou ser-lhe franco no meu ponto de vista que não está, em quase nada, de acordo consigo.
Eu não vejo nem analiso a História nem leio a Sociedade apenas através das suas barbaridades, das suas injustiças, das suas atrocidades, dos seus horrores: isto é através dos seus dejectos. Porque uma análise feita apenas desse lado não só é totalmente redutora como é uma total falsidade desde logo porque a História da Civilização demonstra que esta tem progredido num sentido para uma civilização sempre melhor que a anterior. Se a história da civilização fosse constituída e construída apenas pelos seus dejectos caminharia sempre para pior e não ao contrário.
Marx, apesar de cometer erros enormes de apreciação política no seu “sistema utópico”, percebeu a grande marcha humana como uma dialética histórica que depois resumiu como sendo uma luta de classes.
O meu caro pensa o mundo dividido entre bem e mal. Assim tem à mão uma solução pronto a usar para resolver os males do mundo: aniquila-se o mal e pronto, fica só o bem à face da terra. Todas as utopias que houveram, perante as dificuldades em impor à comunidade existente, conforme ao estádio de desenvolvimento do tempo, lançaram mãos, mais ou menos, do extermínio dos que consideravam portadores do mal. Foram tudo catástrofes sociais que, após atrocidades iguais ás citadas por si, destruíram a utopia e engoliram os utopistas.
O Homem-indivíduo é o grande portador e actor do mal e do bem conforme ao seu desígnio existencial de liberdade. Tudo que lhe coarcte a macha do seu desejo genético por mais liberdade sempre ele opor-se-á como pode: o ser do humano tende para uma finalidade de libertário e não comunitário. Toda a sociedade organizada para sobreviver tem de garantir sempre alguns graus de liberdade à existência, caso contrário, sucumbe ou morre de podre.

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