quarta-feira, setembro 27, 2017

A VERDADEIRA "FÁBRICA DE NADA"

















Segundo o crítico de cinema João Lopes e o filósofo político Porfírio Silva chegou às salas de cinema o filme português com o título de "A Fábrica de Nada". O primeiro catalogou-o como "um grande filme" nacional e internacional  o segundo como sendo dois filmes etnográficos e à segunda metade catalogou-o como um "filme cruel sobre uma certa esquerda".
Não vi o filme nem sei se o vou ver: ou vê-lo-ei se um qualquer motivo inédito fortuito me obrigue ou predisponha a ir vê-lo. E explico porquê.
Porque já fui levado ao limite de pensar que toda a publicação escrita, filmada, esculpida, desenhada, pintada, perfeccionada, ilustrada e publicitada sobre as pessoas como quem atira conféttis numa festa da vulgata carnavalesca não passa, essa sim, toda ela no seu conjunto de uma verdadeira "Fábrica de Nada".
Na realidade, hoje em dia, tudo que é publicado e publicitado me parece muito reluzente, muito design, muita apresentação, muito charme mas no fundo é tudo conféttis às cores que a gente sacode e não fica nada connosco. E porque toda essa arca de Noé de imagens e palavras sem pensamento que são colocadas permanentemente na crista da onda da nossa visão e que fabricadas, precisamente, para encher o olho e não para ilustrar o sentir, o pensar e duvidar racionalmente que nos torna grandes consumidores dessa "fábrica de nada" e, consequentemente, somos elevados a convencidos de grandes sabedores de nada. Ou, quanto muito, a sabedores de pequenos nadas de tudo ou tudo de um pequeno nada.
Concretamente, sabemos muito mais e mais acertadamente estando libertos da produção da real "fábrica de nada" do que estar influenciado por ela. Porque mais vale esperar pelo desenrolar dos acontecimentos e constatar a verdade de sua realidade quando esta acontece do que ser joguete prévio da especulação, ocultação, deturpação, adivinhação, ficção e imaginação fértil dos manobradores que operam a real "fábrica de nada" segundo critérios de interesse próprio.
Ser consumidor da real "fábrica de nada" serve apenas para agitar a memória desordenadamente e até a levá-la a um processo de moto-contínuo em trabalho pesado acerca de um qualquer nada.

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