domingo, setembro 02, 2018

O ELEITOR ESTRATEGA; O ESTRATEGA UTILITARISTA

O eleitor utilitarista é, como o nome indica, o eleitor que aplica a estratégia do chamado "voto útil".
Este eleitor, tal como o furtivo, mantém-se igualmente a par da situação política geral mas avalia-a, sobretudo, acerca da possibilidade de uma situação muito particular. A sua preocupação maior não se relaciona com qualquer coerência ideológica precisa mas sim com a manutenção da coerência de um governo que, na prática política, entende no momento como o mais conveniente para a estabilidade da sua vida no futuro próximo. 
Os eleitores que constituem este grupo, que é considerável, são aqueles que apostam e fazem funcionar as alternâncias. 
Em casos especiais este grupo flutuante, segundo aplicação ponderada da melhor utilidade do seu voto face a um forte sentimento de mau governo em funções, vota maciçamente na oposição ao ponto de produzir maiorias absolutas de um só partido.
Tal eleitor tem da política não uma consciência predominante de valor ideológico mas sim, sobretudo, de valor de uso prático. 
As ideologias servem para ele usar, na medida do poder do seu voto, uma ou outra à vez conforme o seu entendimento que tem, na altura, de quem está em melhores condições de  satisfazer a sua estabilidade de vida e bens.
No fundo, talvez seja um kantiano que trocou a ideologia de juventude segundo o "critério da razão pura"  pela revisão madura posterior do "critério da razão prática" e, desse modo, privilegia agora a acção prática em detrimento do purismo ideológico.
O eleitor estratega utilitarista quando a situação política não privilegia a utilização do seu voto segundo a estratégia do voto útil fica desiludido, sente a inutilidade do seu voto e uma perda de tempo deslocar-se para ir votar. 
Então prefere abster-se.

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