quarta-feira, janeiro 15, 2020

OS SENHORES DO MUNDO E A "POUPANÇA"


Chama-se argumento do filho da puta quando o ladrão que roubou o descuidado responde ao dr. juíz; - mas senhor doutor aqui não há perda nenhuma entre nós nem qualquer mal para a sociedade pois o que o queixoso perdeu foi exactamente o que eu ganhei, no balanço total não há perdas e sim uma perfeita igualdade e, portanto, estamos quites -.
Também na política se utiliza muito o argumento do filho da puta.
Já tinhamos ouvido falar em "poupança", nós os portugueses, com um sentido muito especial que nunca antes houvera ou fora revelada.
Foi no tempo que o nosso primeiro ministro amigo da troika inamistosa que nos habituara a ouvi-lo falar quase diariamente de cortes, taxas e sobretaxas e a partir de certa altura, de repente, começou a falar de "poupança" de milhões o que deixou muita gente, ignorante das subtilezas da política, atenta à escuta do real sentido da novidade.
Afinal era tão só uma questão semântica pois, na dura realidade daquele tempo de castigos, tratava-se da continuação dos mesmos cortes, taxas e sobretaxas nos vencimentos e pensões cujos valores expropriados a muitos portugueses e amontoados todos juntos no bolso único do Estado, por meio de alquimia semântica governativa, se transmudavam em "poupança".
Sem dúvida, como dizia Einstein, a imaginação é muito mais importante que o conhecimento e eu acrescentaria que até pode mesmo substituir a inteligência quando esta falta.
Também Trump, o pantomineiro auto-convencido de que sua estulta esperteza é nova-ciência perante o homem comum veio recentemente, perante a medrosa resposta com aviso prévio dos iranianos aos súbditos de sua majestade, o trumpolineiro americano, declarar que tal medida iraniana, consensual com o seu diktat, tinha dado aso a que ele, o magnânimo Trump, tenha poupado milhares de iranianos numa sua prevista imediata retaliação.
Desta vez a poupança trumpista não foi de capital mas de algo de extrema gravidade para a humanidade e sobretudo muito útil para o Trump-deus-irado poder mostrar a sua face de imperador santinho.
Se a "poupança" de Passos Coelho era um saque por castigo aos desgraçados classe-média portugueses a "poupança" de Trump é uma ameaça de morte permanente sobre os povos do mundo que não acatem de boa vontade o diktat do imperador americano, cônsul de penacho doirado.
Ambos, cada um à sua maneira e medida, usam de cínicos truques e artimanhas linguísticas e abuso de poderes de modo a esconder a sua falta de inteligência e capacidade para resolverem os problemas modernos com argumentos civilizados válidos e não com mentiras.
Um, pobre-diabo, quis ser primeiro ministro para, sem ideias do que fazer, acabar por ser um dedicado subserviente ao serviço da troika e da UE contra os "piegas" dos portugueses.
O outro, rico-pato bravo, quis ser presidente para ser o grande imperador megalómano sobre a Terra que, sob ameaças de "poupança" ou "não poupança" dos povos, conforme a subordinização ou não dos dirigentes das nações do mundo, todos os dias dikta aos governantes deste mundo, sem excepção, o que têm ou devem fazer, como se devem comportar ou não para que possam sobreviver sob a paz da "poupança" americana.
 E vai assim o mundo cada vez mais dirigida por gente medíocre e detestável!        

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