sexta-feira, fevereiro 07, 2020

GEORGE STEINER


1929 - 2020
Poucos "leões" e uma multidão de "ratos"
Em "Fragmentos" Steiner dá-nos uma ideia precisa da inveja e pequenez da gente mínima perante os grandes homens que fazem a História, assim; - Os criadores, os descobridores científicos, os soberanos na política e na guerra são os forjadores do nosso mundo. Não são como nós. Daí a nossa esperança fanática em detectar defeitos na sua grandiosidade, em os reduzir à nossa própria insignificante escala -.
E, ainda no seguimento do seu pensamento acerca deste assunto esclarece: - Uma coisa é, contudo, clara; as proezas analíticas, estéticas e políticas são estatisticamente raras e, a dado momento e numa dada comunidade, existem muito poucos "leões" e uma multidão de "ratos" -.
Diz que o homem vulgar leva uma vida de segunda ordem, cujo único memorial é o da lista telefónica ou o número de contribuinte. Que noventa por cento dos seres humanos não contribuem com praticamente nada para o avanço do conhecimento, para as conquistas estéticas ou científicas e para o legado das coisas extraordinárias, de que a nossa civilização depende. E remata que o jargão do "politicamente correto" tornou praticamente impossível comprometermo-nos de uma forma séria no debate sobre a natureza e a cultura.
Steiner, mesmo face à desigualdade de oportunidades no acesso à escolaridade da maioria dos jovens no mundo, pensa ainda assim que uma instrução decente chegará a cada vez mais e mais crianças. Contudo, duvida que as tecnologias modernas de informação, a disseminação planetária de textos, música e imagem que serão apesentados como conhecimento igual para todos jamais será todo e o melhor conhecimento. Pensa que numa maioria incalculável de seres humanos prevalecerá a escolha pela telenovela, fará do futebol a religião global e irá encarar o pensamento abstruso como sendo cómico ou vagamente ameaçador.
Neste sentido adianta que Trotski prometera que o homem mediano iria suplantar Aristóteles  e sobre tal proposição diz; - esse é, na sua essência o credo liberal -. 
Para concluir avança que se se emergir a ideia de que a maioria da população mundial não tem capacidade genética para aceder ao desempenho superior e uma elite de sábios cientistas tomar conta do governo do mundo o que acontecerá então?
Que ira exterminadora infectará a multidão dos "ratos"?

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