domingo, junho 28, 2020

O SER E O TER, EIS A QUESTÃO!

A Natureza global, cósmica, gerou o homem e dotou-o de uma natureza humana tão irrequieta, tão questionadora, tão inventiva e criativa que faz dele uma criatura pensante que jamais pára de questionar, estudar, investigar e descobrir as leis orgânicas universais numa tentativa louca, auto-destrutíva e suicida, de tentar ultrapassar o próprio criador.
Aquela precede esta e será a força bruta necessária e omnipotente perante a qual o mais elevado pensamento, imaginação, capacidade e esperteza humana não passa de uma ridícula fraqueza e impotência.
Contudo, o teimoso e obstinado “anão” bicho-homem dotado e armado de sua epistemologia e vontade nunca deixou de combater, lutar e travar batalhas contra o “pai” cósmico nunca desistindo e, tal como a formiga, levando consecutivamente o grão ao seu celeiro.
Aparentemente, até à derrota final?
Penso que pela 1ª vez na história da humanidade o bicho-homem enfrenta o pai pandémico como se de uma guerra real se tratasse que põe em risco a subsistência da natureza humana.
Sempre a comunidade humana privilegiou e salvaguardou a economia perante a peste ou epidemia ao contrário do que está fazendo agora, não obstante, a força da tradição e imposição do capital ainda ser fortemente activa com os Trumps e Bolsonaros à cabeça.
Pela 1ª. vez estamos combatendo uma pandemia com estratégias mais ou menos científicas colocando as vidas humanas à frente da economia e custos de produção e capital, tentando vencer o darwinismo da selecção natural pela sobrevivência do mais apto.
O exemplo veio do regime chinês autocrático ao ponto de poder impor medidas drásticas de confinamento imediatas, sem discussão. A China, já apelidada de "fábrica do mundo" sob a actual direcção política, foi muito provável que tais dirigentes tenham actuado, antes de tudo, tendo em atenção a sua brutal máquina produtiva e fonte de riqueza imparável e pensado que seria sempre mais útil à sua máquina fabril ter operários doentes em casa uns dias do que operários mortos a médio prazo.
Talvez levados pelo pânico do vírus desconhecido e sua possível disseminação fulminante nas moles de multidão que são as cidades chinesas, optaram pela protecção das pessoas em detrimento da produção e economia.
Também, talvez, a mãe Natureza seja como o oráculo délfico que não diz nem esclarece mas dá sinais sob enigmas, ou como dizemos de Deus que escreve por linhas tortas, assim o mundo se viu levado a colocar o valor da vida à frente do capital. 
O combate é desconhecido e arriscado, a táctica faz-se tacteando, e os erros são inevitáveis mas serão uma lição inestimável para futuro.
Importante mesmo é que o vírus-homem tenha (finalmente?) tomado consciência mesmo de que a permanência do ser deve prevalecer sobre a infalível efemeridade do ter; que na hora da doença como na morte os valores do ser prevalecem sobre os valores do ter.
Não estaremos perante um salto civilizacional?

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