terça-feira, julho 31, 2007

GORJEIOS XV

TERRA DE EXÍLIO

Por aqui tudo sempre na mesma,
as horas são imitações das horas
os dias dos dias os anos dos anos,
os amanhâs futuros são manos
gémeos dos passados, as moras
de mudança perfazem uma resma
escrita e falada quase centenária,
aqui figueiras dão os mesmos figos,
alfarrobeiras as mesmas alfarrobas,
mentes bobas geram mentes bobas,
o mal dos novos já era dos antigos,
falas daqui não têm reunião camarária.
Por aqui tudo igual tudo velho,
líquidos sujos ou limpos não têm canudos
ligados às recomendações europeias,
estrada são vagas de ondas cheias
repetidas de buracos beiçudos
trinca-pneus acidentes avarias, espelho
rectrovisor do respeito que mandantes
votam a quem por amor suporta
cá viver e não no dormitório ou villa
empurrados por leis-quadro que destila
o exílio na terra ou venda dela e em pelota
vai ocupar os caixotes de imigrantes,
envolventes de shoppings e fóruns,
substitutos de hortas milherais maçarocas,
onde filhos e netos depois neste múnus
criados, gamelam fast-food e pipokas.

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1 Comments:

Blogger Cusco said...

Tudo na mesma não!!

Hoje é dia de festa..

Abraço!

6:12 da manhã  

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