sexta-feira, setembro 14, 2007

DO FUTEBOL ISMO

FUTEBOLISMO OUTRA VEZ

No hectómetro quadrado de terreno chamado rectangulo de jogo de futebol é um dos locais onde se reúne uma das mais elevadas taxas de Euros/m2 no mundo. Quando os jogadores se juntam agarrados na grande área a taxa atinge milhões/m2. Além destes milhões também é preciso arranjar receita para pagar principescamente mais milhões aos senhores das Federações, Uefas, Fifas e manter o luxo e grandeza destas instituições que faz parte da ostentação do poder. À volta deste mundo anda todo um mundo de gordos empresários de jogadores e jornais e por baixo, como pardais de esplanada, um mundo menor de empregados, jornalistas, comentadores, leitores de estatísticas, professores de táctica e estratégias de jogo, juizes de jogos e jogadores que dão notas, etc.,etc., que a troco das migalhas alimenta diáriamente a bisbilhotice analfabeta do povo do futebolismo. Com estes ingredientes altamente valorizados artificiosamente ninguém consegue cozinhar qualquer fair-play ou regras de boa conduta quando colocados frente a frente para um jogo(embate ou combate dizem os comentadores).
Os comentadores cada vez mais são induzidos a usar uma linguagem de guerra exactamente para poderem exprimir o que realmente se passa no campo. Na realidade cada jogador é cada vez mais preparado física, mental e moralmente para se comportar como um herói guerreiro e a equipa preparada com tácticas e estratégias atacantes e defensivas de dureza violenta para vencer ou não sair derrotada do campo de batalha. Há alguns anos os europeus riam-se com as arruaças nos campos sul-americanos e fingiam que isso só acontecia nesses locais atrazados e ainda primitivos civilizacionalmente. A mim cada vez me parece mais que aí as arruaças ainda eram realmente primitivas e por conseguinte genuínas e honestas, enquanto por cá elas são precisamente cada vez mais um produto pensado, estudado, premeditado, isto é da civilização "de massa".
Quando foi o caso do Zidane achei a sua felina cabeçada o mais belo gesto de todo o jogo e por ventura a mais bela reacção contra o futebolismo. Só foi pena o sacana do italiano ficar-se a rir e não ter ido para os balneários com os dentes ou costelas partidas, merecia-o. Porque toda a sua actuação foi estudada e premeditada como se sabe hoje pelo que disse ao adversário. Levou para o campo, além das unhas, pitons e cotovelos, uma frase estudada a que o Zidane, depois de levar e ser agarrado em cada jogada, não podia deixar ficar sem reacção. O resultado foi o que se viu, o Zidane foi para a rua e o jogador desonesto como Judas, foi beijar a taça de campeão do mundo. E claro tudo isto sob a vigilândia e supervisão das Uefas, Fifas e total apoio e cobertura mediática, porque é preciso preservar a ordem e os interesses estabelecidos.
Também ontem algo semelhante aconteceu com a nossa selecção nacional e logo um coro de interesseiros veio condenar o Scolari. E o que veio fazer o sérvio desde o meio do campo para junto do banco da nossa selecção? O árbitro tinha dado o jogo por terminado, ele empatara, estava satisfeito, que raio de desforço precisava tirar do nosso selecionador? Por que não mandara dar a bola à equipa sérvia que a tinha atirado fora por um dos seus estar caído? Então se uma equipa treinar para perto do fim do jogo ter sempre um jogador caído o adversário fica impedido de jogar? Então o árbitro não está lá para avaliar a situação e porque razão ele não parou o jogo?
O jogador sérvio vai à pressa para junto de Scolari e está a dizer algo que certamente ofende, depois dá-lhe, uma palmada no braço a que Scolari responde com uma bela e oportuna esquerda.Foi pena não ter acertado em cheio, mereciam-no ambos, um ter acertado, outro ter levado com ela bem pesada. Ao treinador compete dar o exemplo? Concerteza, mas isso compete a todos os treinadores de todas as equipas e ao treinador dos sérvios também lhe compete exigir fair-play aos seus jogadores e não vir explorar a situação fazendo declarações que mais não foram que uma verdadeira delação à Uefa para que esta castigue severamente Scolari.
O jogo sujo dentro do campo, pensado, estudado e premeditado, é sempre do provocador e não de quem é apanhado a frio mentalmente e a quente emocionalmente. Ontem assistimos mais ou menos a uma já vista farsa num velho palco com encenação trazida de casa.

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