terça-feira, abril 29, 2008

MARAFAÇÕES LII

O ANÚNCIO OBSCENO

Uma impressão de arrepio me assaltava ao ver o anúncio do génio do futebolismo Cristiano Ronaldo a fazer propaganda do Banco Bes. Busquei perceber o porquê olhando com mais atenção e pesquizando a mensagem que me impressionava negativamente. Não a mensagem directa da conta bancária crescente para o povo académico do futebolismo, mas aquela que subjazeria nessa e me arrepiava. E notei que a imagem de anjo branco aparece sem pernas e de cabeça no ar, o que impressiona logo e de sobremaneira, dado que o génio daquela figura reside sobretudo nas suas pernas e pés e não na cabeça. Vendo as imagens e ouvindo o diálogo travado sob a perspectiva do arrepio que sentia, comecei a ver naquela figura de anjo sem asas nem pernas, uma forma de sereia de encantar pelo fascínio o desvairado do futebolismo cantando-lhe três obscenidades:

Obscenidade I.
O génio cuja conta é crescente porque cresce anualmente milhões de euros por dar bons pontapés numa bola, mais as ajudas dos anúncios como este, uma obscenidade tsunamica de elevada escala, face à normalidade dum génio intelectualmente falando, de um professor ou um trabalhador qualificado de cabeça e mãos, aparece impante do alto e responde olimpicamente para o desgraçado que o interpela. Ao cara de aparvalhado do futebolismo, o Snr. milhões da bola manda-o, soberba e obscenamente abrir uma conta crescente no banco. O desgraçado abre uma conta crescente como, se ele nem sequer tem dinheiro para comprar o bilhete da bola?
Obscenidade II.
O desgraçado doidinho da bola implora ao génio de milhões o tal bilhete que é tudo na sua vida. E o que faz o Snr. génio de pés com milhões no Banco? Que abra a conta e com isso habilita-se a ganhar o tal almejado bilhete. Ajuda só da conta crescente do Banco, e o desgraçado que procurara o que considera o maior "Conta Crescente" que conhece, vê-se sem alternativa e volta-se para a terceira obscenidade.
Obscenidade III.
Sem qualquer espécie de solidariedade futebolística, o pedinte endoidecido por 80% de informação diária de futebolismo, resolve pedir um autógrafo ao génio do pontapé na bola. Então a figura de sereia condescende, deixa o alto para baixar a cara junto a uma bola onde decidido, à escriturário, rabisca o seu nome. E desta forma deixar feliz o papalvo e fica ele próprio feliz: como, ao fim e ao cabo, ambos estão idiotizados pelo futebolismo, também ambos julgam que aquela assinatura vale uma fortuna. O verdadeiro rico, enriqueceu o pobre desgraçado por meio de uma obscena ilusão.

Etiquetas: