sexta-feira, setembro 26, 2008

MARAFAÇÕES LXIV


Após uma ausência do lugar do computador, ao ler o jornal da manhã e ver/ouvir a tv constato que tudo, politicamente, continua no tom anterior e mais ou menos sempre igual. Vejamos:

1.- O jornal "Público" pela pena do seu rotundo director e sua corte, faz um editorial do mais arrevezado estalinismo imaginável para concluir subentendidamente que a culpa da crise actual foi do presidente "socialista" Franklin D. Roosevelt que criou em 1938 a Fannie Mae e mais tarde outro presidente criou a Freddie Mac em 1970. Grande esperto nos saiu o vidente Roosevelt, que achando a resolução para o problema dos americanos terem possibilidade de ter casa própria em 1938, após a grande recessão se 1929, já nessa altura previa as falcatruas dos "produtos tóxicos" e exploração do "efeito de funil", que as actuais "D. Brancas, eminências gestoriais" fariam na década de 2000. Não saberia Roosevelt já em 1938, como o sabiam certamente de ginjeira os dourados gestores que aplicaram agora tais métodos que tal efeito dá sempre buraco? Sabia a D. Branca, sabia o dos selos de Madrid, e sabiam estes também que explorada toda a água da nascente esta já não alimenta a rega, é como se o funil passasse a funcionar ao contrário. Não há hipótese, mais tarde ou mais cedo seca a fonte e, sem caudal corrente seca a floresta que neste caso era quase o planeta inteiro.
Claro que os meninos que aplicaram a trapaça não são loucos, bem pelo contrário, nem enganaram o "contolo, supervisão, regulação, governo, cia, etc", porque estão todos ao mesmo nível de riqueza e estatuto social, são conhecidos e frequentados, partilham identicas ambições e revesam-se nos lugares, não interveem, deixam andar e acabam todos a tirar partido da situação. Sabem, dada a dimensão criada, que alguem põe a massa ou é a falência global, entretanto eles ficaram multimilionários e a arraia-miúda que vá ao "Padinhas".
Mas o estalinismo puro está no julgamento de intenções do editorialista, para além de se esquecer que as tais Mac e Mae, já nada têm de "Federais" e são geridas tão privada e sonegadamente, longe do escrutíneo e transparência a que o Estado está obrigado, que as levaram ao ponto de insolvência enquanto embolsavam como estrelas primas-dona. Veja-se este mimo de prosa: "O que significa que se podemos falar da irresponsabilidade dos seus gestores, a seguir convém acrescentar que eles em Portugal seriam mais depressa gestores da CGD do que de um banco privado".
Uma conclusão tirada dum maquiavélico processo de intenções. Pois, também no BCP se viu a sagaz bondade e nobreza da privadissima gestão: milhões para a gestão e cêntimos para os accionistas. Cá o Estado resolveu com a CGD, lá resolve com o FED ou tesouro, ou lá o que é, mas sempre à custa dos outros, os não culpados.

2.- Na tv Marques Mendes continua igual a sí próprio e aos portugueses em geral: pede por tudo que é preciso a Portugal mudar de vida mas quando perguntado se se vai manter activo, responde que se sente bem com a vida, que está bem consigo mesmo, vive satisfeito com a vida privada que leva e se sente com genica para gozar a reforma. Resumindo, a mudança do mudar de vida aconselha-a ele aos outros porque para sí a vida corre bem. É o programa político dos portugueses em geral.

3.- Na "quadratura do círculo" Pacheco Pereira continua a cruzada contra a propaganda do governo: que o computador até é uma ferramenta útil nas escolas e para os miúdos mas que pode ser mal utilizado, que não é de fabrico português ( e o que é hoje em dia de fabrico genuino de um país?), que não sabe quem paga os computadores, porque não se esperou por um computador melhor programado (à portuguesa: esperar pela última moda), que se dá computadores aos miúdos como se fora um brinquedo, que a distribuição é pura propaganda, etc. etc.
Claro que a invenção de dar e distribuir computadores nas escolas arrasta inevitavelmente alguma dose de propaganda. O problema está que este governo descobriu uma necessidade gritante da nossa época e meteu mãos à obra juntando útilidades. E com isso leva o computador junto das classes mais pobres, sem capacidade de o comprar e pagar a net, colocando as crianças de Portugal em maior igualdade de oportunidades e desse modo aproximando-as na capacidade de adquirir conhecimento, um bem precioso agora e mais ainda no futuro.

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