quarta-feira, novembro 26, 2008

ENGANO MANIFESTO II


O ENSINO TRAVESTIDO
A professora Jacinta Moreira utiliza música de Maria Bethânia com fundo rap para ensinar biologia de reprodução e afectos, e por tal prática de ensino foi premiada. É mais uma das mil e uma invenções psicológicas para fazer do ensino uma papa de gostos e sabores para os meninos engolirem sem mastigar. Começa no básico, depois no secundário os professores preocupam-se grandemente a fazer passar o conhecimento através de truques, reconhecendo implicitamente, elas próprias, e dando a entender aos alunos que as matérias e o conhecimento são uma xaropada intragável que se deve disfarçar de algo diferente. É o ensino travestido de sopa de pedra.
Mas o pior ainda é a ideia que se transmite ao aluno de que pode obter conhecimentos científicos sem concentração, sem estudo atencioso, sem trabalho dedicado, sem o esforço de entender os fundamentos do conhecimento que estuda. Nada de matar a cabeça dos meninos, é preciso é arranjar uma astúcia de modo a "levar" os meninos ao engano: para não "chamar o guarda", "o polícia" ou "a bruxa má" que são traumatizantes, chamam a música, os jogos, as brincadeiras, as histórias de fadas, a cantiga, o rock, o rap etc., que são aliciantes, para ludibriar o "natural" desinteresse das crianças pelas matéris de estudo. Mas numa criânça o que é natural é o interesse pela novidade, pela primeira vez, pela descoberta logo pelo descobrimento contínuo que é o conhecer pelo ensino.
Não existe maior engano que não dizer e explicar a verdade pura e crua mesmo que, no momento, seja dura de ouvir e entender. Aos alunos deve ser transmitida, desde o início, desde o primeiro dia de escola, a verdade sobre os sacrifícios individuais necessários para obter saber e que só com esforço pessoal e trabalho se pode obter um saber fundamentado que seja ferramenta útil a si e consequentemente à sociedade. Tudo o resto são artifícios manhosos de facilitismo para nos enganarmos a nós próprios e que levam os alunos a racionalizar a ideia de que o ensino é uma droga de remédio e o saber uma doença prejudicial perturbadora do doce bem-estar mental e físico, e como tal um mal não necessário, não querido nem desejado e por conseguinte rejeitado.
No básico finge-se que o ensino são jogos e brincadeiras; no secundário finge-se que é música; no universitário finge-se que é um canudo de emprego; e depois na vida prática temos gente que finge ter conhecimentos. Não se percebe, nunca percebi, porque se hade envolver a aprendizagem na idade juvenil com aliciosas fantasias e não confrontar os alunos, desde a primeira hora, com o princípio da verdade da realidade. As ciências, contém em si mesmas, uma beleza de conteúdo explicativo da ordem da natureza, que por si só são suficientes para despertar o interesse pelo saber. O que é preciso é saber expor a ciência retirando-a racional e fundamentada da ordem fantástica da natureza e não da fantasia.

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