HOJE HÁ BERBIGÕES
O blog "Hoje há Conquilhas" colocou o dedo primindo na muche da ferida mental do mesmo grupo de pensamento que acha que vender o "magalhães" numa reunião de alto nível é sujar as mãos numa tarefa humilhante e como portugueses fidalgotes punhos de renda, por arrastamento, se sentem "envergonhados", "chocados", "humilhados", "desconsiderados", enfim: sentem-se ofendidos na importância que atribuem a sí mesmos transposta para a figura do PM. E são os mesmos que aplicam a torto e a direito o epíteto de "arrogante" a quem agora dizem que se rebaixou à condição de caixeiro-viajante. Afinal de que lado do pensamento político está a arrogância? Aquela arrogância da velha nobreza falida que preferia vender as terras a sujar as mãos nelas, explorando-as.
A mesma arrogância intelectual dos que, pura e simplesmente por questões "de vista", não querem nem podem ver contentores pela frente no porto de Lisboa, a actividade portuária, tão importante à economia da cidade e do país. Que vale isso perante a perda "de vistas" de quem vive da inspiração que os passeios ou esplanadas, ou bares junto ao rio proporcionam? A velha e romantica actividade dos guindastes chiadores e dos estivadores sujos de ferrugem e carvão, que inspiraram tantos romances do neo-realismo, já não dizem nada aos novos escrevinhadores de grandes calhamaços jornalísticos. A crise, o desemprego, a pobreza, os indíces cauda da Europa, etc., são palavras sempre na boca de tais pessoas em defesa dos desprotegidos, contudo são incapazes, face aos monumentais interesses de "suas vistas" de relacionar e equacionar os interesses "de vista" com os interesses "de vida" desses a quem amam em particular mas desprezam em geral.
A mesma arrogância intelectual dos que, pura e simplesmente por quetões "de vista", deram em dizer e escrever sobre "a porcaria do Algarve" depois que a construção pato-brava lhes invadiu as vistas de mar, praias e arribas naturais e virgens. O Algarve deveria manter a sua integral virgindade para deleite das vistas, dos passeios, do repouso, dos banhos de mar limpos, da calma e sossego necessários à descida à Terra das musas inspiradoras. Um Algarve a abarrotar de turistas pé-descalço tatuados, de alentejanos, de beirões e nortenhos, de restaurantes-tascas de sardinha assada por todo o lado, para o snobismo português não passa de "porcaria" ou "mixórdia" como lhe chamou um antigo polícia, depois escritor de telenovelas e actualmente autarca.
Também os farenses bem pensantes andam danados com o caminho de ferro que lhes tira o acesso, as vistas e o gostoso lazer de desfrutar da Ria. Na maneira como abordam a Ria jamais pensam nela na potencialidade da sua actividade económica tradicional, mas apenas e sempre na perspectiva do turismo. A Ria nunca é pensada de forma a conciliar, de forma técnica actual e eficaz, a sua antiquíssima actividade marinha produtiva com a turística futura. Não, querem hotéis arranha-céus ou tipo cobra ao estilo árabe, para ser modernaço, e querem arrancar a linha e Estação CF da Cidade para limpar as vistas e fazer felizes os olhos dos farenses. Os lisboetas inventaram o slogan "devolver o rio aos lisboetas" e os farenses modernos repetem o mesmo com a Ria. Será que não é possivel, com as possibilidades técnicas hoje en dia ao dispor do homem, conciliar uma zona ribeirinha alargada com o caminho de ferro existente? Tiram o combóio para fazer uma avenida coberta de carros a mirar e a tapar a Ria? Para isso, bem melhor e muito mais bela é a visão de ouvir o apitar e ver passar em marcha lenta sobre a doca o tradicional combóio, mantendo a traça e o traçado antigo do centro histórico da Cidade. Basta que se alargue a zona ribeirinha atrás da linha, se lancem passagens superiores e inferiores bem localizadas para a Ria e não permitir qualquer construção em altura nezssa zona. E nesse lado-de-lá-da-linha instalar infra estruturas de desportos e lazer náuticos e outros que não colidam ou agridam o ambiente nem o "ar" da Cidade tal como ela é. A cidade deve crescer e alargar-se sem se travestir, deixando sedimentadas as marcas do seu evoluir histórico.
A mesma arrogância intelectual dos que, pura e simplesmente por questões "de vista", não querem nem podem ver contentores pela frente no porto de Lisboa, a actividade portuária, tão importante à economia da cidade e do país. Que vale isso perante a perda "de vistas" de quem vive da inspiração que os passeios ou esplanadas, ou bares junto ao rio proporcionam? A velha e romantica actividade dos guindastes chiadores e dos estivadores sujos de ferrugem e carvão, que inspiraram tantos romances do neo-realismo, já não dizem nada aos novos escrevinhadores de grandes calhamaços jornalísticos. A crise, o desemprego, a pobreza, os indíces cauda da Europa, etc., são palavras sempre na boca de tais pessoas em defesa dos desprotegidos, contudo são incapazes, face aos monumentais interesses de "suas vistas" de relacionar e equacionar os interesses "de vista" com os interesses "de vida" desses a quem amam em particular mas desprezam em geral.
A mesma arrogância intelectual dos que, pura e simplesmente por quetões "de vista", deram em dizer e escrever sobre "a porcaria do Algarve" depois que a construção pato-brava lhes invadiu as vistas de mar, praias e arribas naturais e virgens. O Algarve deveria manter a sua integral virgindade para deleite das vistas, dos passeios, do repouso, dos banhos de mar limpos, da calma e sossego necessários à descida à Terra das musas inspiradoras. Um Algarve a abarrotar de turistas pé-descalço tatuados, de alentejanos, de beirões e nortenhos, de restaurantes-tascas de sardinha assada por todo o lado, para o snobismo português não passa de "porcaria" ou "mixórdia" como lhe chamou um antigo polícia, depois escritor de telenovelas e actualmente autarca.
Também os farenses bem pensantes andam danados com o caminho de ferro que lhes tira o acesso, as vistas e o gostoso lazer de desfrutar da Ria. Na maneira como abordam a Ria jamais pensam nela na potencialidade da sua actividade económica tradicional, mas apenas e sempre na perspectiva do turismo. A Ria nunca é pensada de forma a conciliar, de forma técnica actual e eficaz, a sua antiquíssima actividade marinha produtiva com a turística futura. Não, querem hotéis arranha-céus ou tipo cobra ao estilo árabe, para ser modernaço, e querem arrancar a linha e Estação CF da Cidade para limpar as vistas e fazer felizes os olhos dos farenses. Os lisboetas inventaram o slogan "devolver o rio aos lisboetas" e os farenses modernos repetem o mesmo com a Ria. Será que não é possivel, com as possibilidades técnicas hoje en dia ao dispor do homem, conciliar uma zona ribeirinha alargada com o caminho de ferro existente? Tiram o combóio para fazer uma avenida coberta de carros a mirar e a tapar a Ria? Para isso, bem melhor e muito mais bela é a visão de ouvir o apitar e ver passar em marcha lenta sobre a doca o tradicional combóio, mantendo a traça e o traçado antigo do centro histórico da Cidade. Basta que se alargue a zona ribeirinha atrás da linha, se lancem passagens superiores e inferiores bem localizadas para a Ria e não permitir qualquer construção em altura nezssa zona. E nesse lado-de-lá-da-linha instalar infra estruturas de desportos e lazer náuticos e outros que não colidam ou agridam o ambiente nem o "ar" da Cidade tal como ela é. A cidade deve crescer e alargar-se sem se travestir, deixando sedimentadas as marcas do seu evoluir histórico.
Etiquetas: crónica comentário algarve
2 Comments:
Nao posso dizer nada mais que bem haja quem assim pensa e escreve.
Foi o melhor e mais conciso artigo que ate hoje vi sobre o que deveria ser um plano para a cidade e ria....mas tambem sei que caira' em orelhas mocas....
DIOGO
voltei para ver as novidades...é sempre um prazer passar por aqui.
Boa semana
carla
http://www.arte-e-ponto.blogspot.com
Enviar um comentário
<< Home