terça-feira, novembro 11, 2008

MARAFAÇÕES LXVII

1. PROFESSORES
Assisti, desde a passagem da cabeça da manisfestação no Rossio até à passagem da cauda nos Restauradores, durante cerca de duas horas, à grande manifestação de má-vontade dos professores contra a avaliação e não carreira única. Quem passou pelos vários graus de ensino sabe, de experiência própria, que em cada e todas as escolas há um restrito núcleo de bons e dedicados professores vocacionados para ensinar e que valem ouro, enquanto um largo grupo cumpre o dever a que está obrigado mais preocupado consigo próprio e a carreira do que com a escola e o ensino, e ainda resta um razoável naipe de professores feitos a martelo que o são apenas como modo de vida e futuro garantido que nem a receita pré-estabelecida são capazes de aplicar devidamente. Estes últimos são irrascíveis quanto a qualquer mudança, os cumpridores indiferentes deixam-se arrastar pelo medo a alguma perda de privilégio e fazem grupo com aqueles e tornam-se, em algumas escolas, grupos activos maioritários enquadrados e dirigidos por sindicalistas com objectivos partidários.
A síntese perfeita do espírito da contestação está nas declarações da professora Beatriz Duarte ao "Público" do dia 9 : -Se for preciso, manifesto-me todos os fins-de-semana-. Nem mais nem menos, o trabalho de avaliação é uma canseira insuportável para a qual não está disponível, para tal peditório não dá o seu tempo, mas se for preciso dará todos os fins-de-semana para desfilar semanalmente em Lisboa ou qualquer lugar do país. A professora acha que dar algum do seu tempo extra ao serviço do ensino estorva insuportavelmente a sua vida pessoal ou familiar, mas está alegremente disponível para, durante a semana reunir, discutir, estudar, preparar e organizar a deslocação e sobre esse tempo ainda dá mais tempo, e duro, para desfilar um dia inteiro em marcha lenta cantando, dançando e apregoando slogans. E se entender necessário fá-lo-á todas as semanas, e viva a festa.

2. BPN
Acerca do BPN já todos os comentadores, opinadores, politólogos, articulistas, editorialistas e tuti quanti disseram que o estado financeiro do banco desde há muito era um segredo de polichinelo "que vinha de longe", comentado à boca cheia por todos mesmo aqueles pouco informados. Contudo todos, feitos polichinelos, guardaram segredo do caso e os mesmos todos apontam agora o dedo acusador ao supervisor BP, quer dizer, aos outros.
Até o jornal "Público" tão atento a investigar pela devassa a carreira escolar e vida privada do PM, e sobretudo tão zeloso do bem público que não se coibiu de bufar na praça pública a perneciosidade de o PM ter fumado um cigarro proibido num avião durante uma viagem, agora não foi capaz de investigar e esclarecer os portugueses a tempo, com manchetes a condizer, o caso do BPN embora dele tivesse fundadas dúvidas e provavelmente muitas certezas incómodas.
A política em Portugal faz-se sempre através de overdoses de fingimento interpretadas, sem a respeitável máscara de comediantes, por puritanas carpideiras de serviço.

Etiquetas:

2 Comments:

Blogger João Brito de Sousa said...

MEU CARO ADOLFO,

1 - PROFESSORES.

E dramático ler o teu artigo sobre o procedimento dos professores, que, na tua opinião não têm valor nenhum. Nada, valem zero, querem manifestações todos os fins de semana, avaliações nada, querem é o tacho e mais nada.

Injustiça plena e a maior de todas. Penso que não tenhas sido professor pelo que dizes.

Os professores são apenas o único grupo profissional que faz com que um País seja bom, mau ou medíocre.

De momento as escolas estão a trabalhar segundo o modelo do Ministério. Resultado? Os alunos não sabem nada.

Eu não quero este modelo. E tu?

(Peço-te licença para colocar este assunto no blogue dos costeletas par discussão, ok)

ab.

JBS

2:36 da tarde  
Blogger Unknown said...

Gostei muito...

carla

http://www.arte-e-ponto.blogspot.com

3:55 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home