terça-feira, maio 04, 2010

O MEDO DO FUTURO

ADÃO CONTREIRAS, FORÇAS OCULAS

O medo, o medo de correr um perigo imediato, como tantas vezes observei na guerra, oprime o pensamento ao ponto de fazer nascer uma doença física aparente no medroso. Mas não é só o medo do elevado perigo de vida possível iminente que paraliza a mente e vontade do medroso. Também o medo do futuro é um factor altamente paralizante e próprio dos indivíduos medrosos. Estes não querem apenas saber o que será o amanhã, vão ao ponto de querer saber o que será a sua vida daqui a dez-quinze anos. Vivem permanentemente sob a pressão do medo do amanhã. E, por isso, são incapazes de arriscar o que quer que seja, só sabem jogar pelo seguro e o seu pensamento está sempre prioritariamente dirigido no sentido de assegurar o futuro.
Todo aquele que acaba um curso e quer à viva força encaixar-se no funcionalismo público é, não raras vezes, um indivíduo com medo do futuro. A maioria das pessoas que aderem fácilmente a políticas ou religiões que prometem um futuro garantido para sempre são outro exemplo de indivíduos cuja relação com a existência coincide com a necessidade de conhecer o seu futuro a longo prazo.
Isto é, dado que a memória apenas retem e reconhece o passado e não o futuro, nunca os indivíduos, medrosos ou não, poderão conhecer qual o seu futuro, contudo os medrosos refugiam-se na crença: acreditam em quem que lhes vende o conhecimento do futuro.
São, todos os indivíduos com medo do futuro, pessoas que o mais que desejam é ter um arranjinho de vida e nunca uma grandeza de vida. São, todos os indivíduos com medo do futuro, pessoas que andam penduradas no mundo que os outros constroem e carregam diariamente.

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