segunda-feira, abril 15, 2019

O CORO COMUM INDÍGENA ACERCA DOS COMUNS DE FORA

A ema é um animal com pernas compridas, cintura larga e um longo pescoço que segura uma pequena cabeça eternamente oscilante para os lados. Em terreno aberto, a ema parece estar sempre a correr sem saber bem para onde vai ou porque corre. Tudo na ema, quer morfologicamente quer em termos de comportamento, me faz lembrar a primeira-ministra inglesa, Theresa May.

Miguel Sousa Tavares "Caderno de Encargos" in jornal "Expresso"de 13.04.2019.

O já enfadonho Miguel, aristocrata apaparicado internamente, partout, como menino e gente filho de "Algo", para além do ridículo e gratuito insulto que faz à pessoa 1ª ministra inglesa comparando-a com um tal animal dito ema, revela em todo o seu primeiro  ponto do dito artigo uma não só obstrusa visão da política e da Democracia como ainda trata esta completamente virada de avesso.
Aliás todo o seu distraído e parvo juízo, talvez porque não goste da pessoa 1ª ministra inglesa tem no tema central da ideia democrática, exaradamente, um insanável paradoxo.
Ele arrasa (um termo-tema muito do seu gosto) a política da Senhora e do Parlamento, logo dos Deputados e dos ingleses, aliás na onda de todos os comentadores portugueses falaciosos impreparados ou tão “democratas” de última hora como Trump que usando da chacota, que é o actual politicamente correcto por cá, trata a PMª inglesa assim como os ingleses de parvos que não sabem o que querem nem sabem para onde correm tal qual a sua ema.
Tão apressado a despachar o texto (Time is money) nem se deu ao trabalho de fazer uma revisão para detectar contradições e assim, enquanto arrasa a Senhora, os deputados e o Parlamento inglês com a fedorenta chacota, já geral e normal na opinadura bacoca portuguesa, lá pelo meio, e que, certamente, sem pensar lhe veio à mente, dizer que; “ao mesmo tempo(que é uma ema que não sabe o que quer e para onde vai) que desespera porque a maldita Europa não aceita um ‘Brexit’ em que a Grã-Bretanha larga o que não lhe interessa e conserva o que lhe convém”.
E nem reparas, ó apressado, que nessa ideia (larga o que não interessa e conserva o que lhe convém), que sem pensares te veio à mente, está todo um programa político tão velho como séculos de um povo tão ciente de si que levou anos a lutar para impor a sujeição do Rei ao Parlamento e é fundamento da tradição Democrática mais longa e fortemente implantada sobre a Terra.
Não percebes ó snob aristocrata apaparicado, que a discussão democrática complexa de levar a água ao seu moinho para garantia futura, não é uma qualquer facção parlamentar arrolar-se ou vender-se imediatamente a outra e outra facção para resolver um problema tão grave que implica perda de Liberdade e decisão  parlamentar própria do povo inglês que tanto sangue custou ganhar!
Aquilo que valeu anos de sangue a conquistar não pode ser discutido de ânimo leve e é isso que os ingleses estão fazendo e, mais uma vez, dando uma lição ao mundo de que discutir ideias e procurar soluções correctas, é isso mesmo e não fazer trocas ou vender ideias quando o tema é a liberdade de um povo decidir apenas entre si e por si próprio em defesa dos seus valores, costumes e tradições tão antigas que se ordenaram mais forte e respeitadas que a própria Lei.
O trabalho duro exaustivo dedicado a remover aparências, facilidades claras e verdades irrefutaveis é, precisamente, a função mais nobre e aquele que mais profundamente dignifica um Parlamento que se quer representante alerta na defesa intransigente do país e interesses do povo.
Eles, os parlamentares ingleses neste momento, buscam sem descanso o que será melhor para o seu povo e têm sérias dúvidas acerca de tão grave questão que é ceder soberania, independência e autonomia para decidir, em cada momento, conforme o que pensam ser melhor para os ingleses e, nesse sentido, com toda a razão e precaução em não se atirarem de cabeça às escuras. 
Que atrevido putativo comentador português sabe, nesta discussão, o que é melhor ou pior a médio-longo prazo para os ingleses se eles próprios não sabem e por isso mesmo discutem incessante e acaloradamente na procura de um qualquer visão que os elucide.
Os ingleses estão, precisamente, mais uma vez praticando e ensinando qual a razão de ser da Democracia e, especialmente, aos superficiais comentadores portugueses, informando que discutir a "Polis" não é fazer bisbilhotice, intrigalhada, armar em pitonisa ou fazer jogos florais.
Têm os ingleses a teimosia de querer ser livres e ser grandes? E porque não se foi sendo como são que o foram. 

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