terça-feira, junho 22, 2021

GUTERRES NA ONU E NA RTP

Estes dois jornalistas, ela do noticiário da 1/2 noite da RTP 3 e ele opinador convidado de um dia da semana nesse telejornal formam o par perfeito de comunhão de ideias acerca dos casos de capa da imprensa do dia seguinte nas bancas.

Denotam, nas suas aparições, uma tal irradiante e sorridente cumplicidade e solidariedade nos comentários e opiniões produzidas acerca das "caixas" de capa dos jornais do dia seguinte que até se atropelam no seus mútuos desejos de ser, cada um à vez, mais papista que o papa.

Há uns tempos, em pleno trumpismo quando este atacava a ONU, e declarava não contribuir mais para a própria ou organizações da mesma, e desacreditava a mesma em todos os foruns internacionais, e insinuava que a organização estava ao serviço da China, e etc., enquanto papagueava e propagava o negacionismo sobre as alterações climáticas e o covid 19 e recebia depreciativamente os responsáveis políticos europeus das democracias e, ao contrário, era palmadinhas nas costas do boneco ditador feroz da Coreia do Norte a par com a tentativa de destruir a UE; e tudo porque, era claro, tais organizações não lhe obedeciam nem se punham ao serviço de sua bacoca inteligência e tola presunção de ser dono e patrão do mundo. 

Enquanto tudo isto era flagrante diariamente nas aparições de Trump estes dois jornalistas comentavam jubilosamente a fraqueza e decadência da ONU, não pela oposição económica e posição negativista da maior potência mundial mas, inacreditavelmente, pela falta de qualidades políticas e de chefia de Guterres; a ousadia de um seu compatriota querer ser, e vir a ser mesmo, Secretário Geral da maior e mais respeitada organização independente do universo Terra foi o rastilho para fazer explodir o ódio ao conterrâneo; disseram que Guterres era fraco político como demonstrara em Portugal donde fugira insinuando que havia um pântano político como desculpa de suas fracas capacidades; como podia, alguém português, ser maior e mais conhecido ou mais importante que um jornalista de noticiários que, qual deus, "cria" um mundo todos os dias da meia-noite há uma?

No dia 19 passado, aquando da renovação unânime do mandato como Secretário Geral, os mesmos dois amigos confiantes jornalistas comentaram o caso e a ONU; dizia ele, assertivo e conclusivo, que a ONU era uma coisa do passado, algo já de pouca importância porque agora existiam duas ou três superpotências e que os assuntos eram derimidos entre eles e não passavam (ligavam) cavaco à ONU; que, nesta, os países com poder de veto bloqueavam qualquer solução pelo que os países negociavam directamente e entendiam-se fora da ONU, e consequentemente tal organização geral de nações era redundante & tal e coisa.   

A jornalista sorria enquanto concordava abanando a cabeça e em minutos reduziram a quase nada a importância e tornaram obsoleta e dispensável o serviço, quer actual quer no futuro, da ONU nem mesmo perante o desafio global das alterações climáticas e respectiva consequência sobre a totalidade da vida humana no planeta; nem mesmo sobre a necessidade de uma organização geral que vele pela preservação do planeta quer perante a hipótese de morte lenta dos seres vivos face às alterações climáticas quer face à possibilidade de destruição violenta por via nuclear.

Num primeiro caso, perante o trumpismo, desvalorizaram o homem que gere a organização, agora perante o apoio geral ao homem que a gere dos países que a integram, desvalorizaram a organização; para tais personagens só é válido e grande quem como elas, balofas cheias de vento, se pensam frente a uma câmara de tv virada ao público como que sentados no alto do Olimpo a olhar e manipular os pequenos seres humanos inúteis que vagueiam cá em baixo no meio da selva.

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