quinta-feira, julho 01, 2021

O "IRRITANTE" DA NOSSA SELECÇÃO

Neste Campeonato da Europa de futebol a nossa selecção nacional voltou a insistir em ter um comportamento em campo contraditório com o que anuncia aos portugueses previamente; tal contradição está-se tornando o nosso "irritante" colectivo desportivo. 

Nós fazemos a comparação entre jogadores da nossa selecção e das outras e, facilmente, pela elevada grandeza e categoria histórica e actual dos clubes onde actuam e são craques incontestados, concluímos que os nossos são, comparados um a um e em cada posição específica no campo, tão bons e na maioria dos casos melhores pelo que compreendemos e aceitamos correcta a declaração e assumpção de candidatos a campeões; e tal é também confirmado pela imprensa de fora e, sobretudo, pelos resultados obtidos nestes anos recentes.

Contudo, sempre que entramos em campo e desde o apito do árbitro para início dos jogos, a nossa equipa não se comporta em campo como uma equipa que demonstre ao adversário a sua superior capacidade futebolística impondo respeito ao adversário e inibindo-o de arriscar-se com foiteza nos seus ataques à nossa baliza; pelo contrário, começa o jogo e é a nossa equipa que se inibe de coragem de atacar o adversário de imediato e, pelo contrário, usa de uma tão tremida precaução que indicia receio o qual  incita o adversário a ser atrevido e explorar, logo após os primeiros minutos de jogo, a nossa falta de iniciativa; acontece o oposto do que devia, acaba por ser o adversário a libertar-se de receios e cuidados com a nossa equipa candidata e, como que "convidada" pela nossa falta de ousadia, avança impetuosamente sobre a nossa defesa surpreendendo-a e, quando às vezes obtém vantagem, alguma desorientação imediata atravessa a estabilidade emocional dos nossos jogadores.

Ora, se nos propomos ser campeões é nosso dever proceder e assumir tal pretensão, desde o primeiro momento, sem ambiguidades; quero dizer, forçar os deslizes do adversário e não esperar que o próprio os cometa; tentar obter vantagem pela nossa técnica, argúcia e capacidade de imposição e não esperar pela falta de técnica, astúcia e capacidades do adversário; nunca pensar que sendo melhor equipa não deve usar das mesmas armas das mais fracas como estar atento, meter sempre o pé, ir a todas, nunca deixar o adversário rematar à vontade, dar o corpo à bola, fazer a falta certa, ousar trocar sempre a bola em progressão e raro em regressão, enfim, ser atrevido consciente de modo a obter uma vantagem superior ao prejuizo.

Também se pode ser campeão usando de uma táctica com base numa ideia predominantemente defensiva mas tal ainda requer mais esforço dos nossos jogadores no trabalho de contenção de um adversário permanentemente ao ataque; nesse caso justificava-se uma equipa só com defesas e trincos e dispensavam-se os avançados goleadores; não seria certamente uma equipa denominada candidata ao triunfo, antes pelo contrário, seria uma equipa apostada no milagre; claro, ainda hoje, pode alguém ter muita fé mas só por tal ganhar-se uma tão competitiva prova desportiva bem justificava o dizer-se "foi um milagre".

O milagre está no trabalho notável dos nossos clubes feitos nas "academias" do futebol; desde há tempos todos os anos surgem novas camadas de bons jogadores a ingressarem nos maiores clubes; também simultaneamente surgem novos treinadores com ideias próprias acerca de como jogar o futebol que são chamados a treinar grandes equipas; por via disso Portugal entrou no círculo das melhores equipas da actualidade; este é o verdadeiro milagre do nosso futebol o qual deve ser aproveitado usando desse saber acumulado e da melhor matéria humana futebolística produzida, quer jogadores quer treinadores.

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