quinta-feira, julho 23, 2020

O PORTUGUÊS PURO 100 QUILATES



«Que mil troikas floresçam»
                                               Daniel Oliveira in Expresso

Quando pela primeira vez o mundo, perante uma peste ou pandemia generalizada ao planeta, deu mais valor às pessoas em detrimento do capital, produção e economia.
Quando pela primeira vez a EU se pensou, deliberou e reagiu actuar como uma União de povos que utiliza a sua identidade fiscal e jurídica própria única para angariar um fundo mútuo com o objectivo de acudir aos países da União, todos afectados gravemente pelas consequências económicas e sociais devidas à pandemia. 
Quando os 27 países da União discutem com argumentos durante uns dias e não com armas durante anos, como ainda era tradicional um século atrás.
Quando ainda nem sequer está esquecido o comportamento hostil desta União perante os países mais afectados e pior colocados face à também generalizada crise financeira de 2008, acusados até de merecerem pagar-expiar uma culpa de pecado original, e por tal serem constrangidos e empurrados sem remissão a socorrer-se dos avaros empréstimos e pródigos sacrifícios da troika.

É precisamente neste momento que um ex-macaco primeiro tornado erectus e depois sapiens vem requerer para Portugal e a Europa "que mil troikas floresçam", isto é, que mil desgraças caiam sobre os países europeus que chegaram a tal acordo.
Este sapiens que cita grandiloquentemente Mao e refere o chefe de redacção pensa, com um entusiasmo tal, que não disfarça o seu desejo (também irá pedir a Fátima?) de que o acordo alcançado entre os países europeus seja mais um passo na degradação e desintegração da dita UE.
E porquê? Porque a clausula travão, eleita pelo nosso sapiens como o ser ou não ser do compromisso acordado, uma vez que é será o mal original de submissão e desgraça dos países mais fracos, sem peso na União, e origem da decadência e fim da UE.
Também podia pensar lógica e pragmaticamente que, tal "travão" ao mau uso dos dinheiros que são de todos, podem servir para precisamente isso mesmo; que os dinheiros sem custo sejam realmente bem usados ao contrário do que aconteceu aquando da nossa entrada para a CEE. Que tal clausula pode funcionar como obrigatoriedade de pensar, estudar, analisar, puxar pela imaginação, inovar e inventar projectos válidos para onde canalizar o dinheiro.
Até, mesmo, que tenha razão acerca da eventual possibilidade de tal clausula poder ser motivo de uso artificioso por uma parte ainda restam as outras partes para dirimirem a questão democraticamente.
Sobretudo, ter uma eventual razão dúbia entre várias boas razões poderosas para aceitar tal acordo e mesmo assim fazer deste a desgraça pura e absoluta que fará voltar nova troikada sobre os portugueses é de um mau agoiro insuportável.
       

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