MARAFAÇÕES XI
A SALDO, A ASSALTO?
Um estranho que visite Santa Bárbara de Nexe, dará voltas sobre si para bem observar o manuelino quinhentista e o barroco setecentista da vetusta mas bonita e airosa igreja matriz, e antes já bem dobrara o pescoço para olhar a cúpula da esbelta torre sineira sinaleira. Embrenhado na visão de restos do nosso tempo glorioso, descendo pela rua antiga que contorna a igreja pelo lado norte chega ao Rossio, e aqui perdem-se de repente pelos olhos, todos os pensamentos sobre o nosso passado histórico. Chegado aqui, bate com os olhos na mais visível modernidade nexense; montras e montras forradas a papel A4 com fotografias anunciando a venda, ao retalho, do barrocal tradicional. Num raio de 20 ms à volta só vê, salientes e apelativos, nomes charmosos de imobiliárias que se propõem vender ruinas de casas e terras abandonadas mas com valores turisticos exorbitantes.
A falta de condições para uma vida mínina de acordo com padrões actuais, por um lado, e por outro o apelo martelado da cultura dominante, que vende encapotadamente os interesses da especulaçao imobiliária do negócio sob a forma de dormitórios, centros comerciais, centros clinicos, centros de futebol, centros de cafés, centros de 3ª idade, centros de passeios, centros de divertimentos, centros de bailaricos, etc., leva ao abandono das antigas casas de média e pequena lavoura do barrocal. Na freguesia uma fatia importante das casas da antiga classe de pequenos e médios lavradores já mudaram de dono e estão nas mãos de estrangeiros ou forasteiros ricos que, após demolições restaurações deixando sinais da primitiva antiguidade juntamente com modernaças piscinas e barbecus, fazem negócio de arrendamento escondido fiscalmente.
O preço turistico desses bens faz que os herdeiros deles não resistam à facilidade da divisão monetária para adquirir o seu apartamento que, como ataca a publicidade, tem as badaladas modernas instalações e os bens finos da cidade à mão. Na nossa freguesia, devido á sua situação geográfica priviligiada disposta em anfiteatro sobre o mar, os preços tornam-se irresistíveis para os locais na venda e proibitivos para os locais na compra. A especulação é o aparelho respiratório do capital finaceiro, a alquimia que troca patacos de latão por moeda de ouro, a flôr bem cheirosa que atrai o incauto para a beleza efémera da pétala e o ganansioso para o mel saboroso do pólem, o açúcar que faz correr todas as moscas.
Só assim se explica a instalação, de um ano para o outro, de meia dúzia de escritórios de mediação de compra e venda de propriedades numa pequena aldeia, tantas como em Faro e mais que Loulé e S. Brás juntas. Dizia-se antigamente: - em Olhão é porta sim porta não -, hoje poderiamos dizer que em S.B. de Nexe é montra com montra, como na célebre rua de Amesterdão. E como lá, a exposição nua e crua em montras dedicadas à venda, para turistas interesseiros, do património ancestral dos nossos antepassados é um verdadeiro atentado ao pudor dos nexenses que amam a sua terra.
Já vi alguns nascidos na cidade, chorarem porque os seus pais venderam a velha casa do campo onde viveram, até à morte, os avós.
Um estranho que visite Santa Bárbara de Nexe, dará voltas sobre si para bem observar o manuelino quinhentista e o barroco setecentista da vetusta mas bonita e airosa igreja matriz, e antes já bem dobrara o pescoço para olhar a cúpula da esbelta torre sineira sinaleira. Embrenhado na visão de restos do nosso tempo glorioso, descendo pela rua antiga que contorna a igreja pelo lado norte chega ao Rossio, e aqui perdem-se de repente pelos olhos, todos os pensamentos sobre o nosso passado histórico. Chegado aqui, bate com os olhos na mais visível modernidade nexense; montras e montras forradas a papel A4 com fotografias anunciando a venda, ao retalho, do barrocal tradicional. Num raio de 20 ms à volta só vê, salientes e apelativos, nomes charmosos de imobiliárias que se propõem vender ruinas de casas e terras abandonadas mas com valores turisticos exorbitantes.
A falta de condições para uma vida mínina de acordo com padrões actuais, por um lado, e por outro o apelo martelado da cultura dominante, que vende encapotadamente os interesses da especulaçao imobiliária do negócio sob a forma de dormitórios, centros comerciais, centros clinicos, centros de futebol, centros de cafés, centros de 3ª idade, centros de passeios, centros de divertimentos, centros de bailaricos, etc., leva ao abandono das antigas casas de média e pequena lavoura do barrocal. Na freguesia uma fatia importante das casas da antiga classe de pequenos e médios lavradores já mudaram de dono e estão nas mãos de estrangeiros ou forasteiros ricos que, após demolições restaurações deixando sinais da primitiva antiguidade juntamente com modernaças piscinas e barbecus, fazem negócio de arrendamento escondido fiscalmente.
O preço turistico desses bens faz que os herdeiros deles não resistam à facilidade da divisão monetária para adquirir o seu apartamento que, como ataca a publicidade, tem as badaladas modernas instalações e os bens finos da cidade à mão. Na nossa freguesia, devido á sua situação geográfica priviligiada disposta em anfiteatro sobre o mar, os preços tornam-se irresistíveis para os locais na venda e proibitivos para os locais na compra. A especulação é o aparelho respiratório do capital finaceiro, a alquimia que troca patacos de latão por moeda de ouro, a flôr bem cheirosa que atrai o incauto para a beleza efémera da pétala e o ganansioso para o mel saboroso do pólem, o açúcar que faz correr todas as moscas.
Só assim se explica a instalação, de um ano para o outro, de meia dúzia de escritórios de mediação de compra e venda de propriedades numa pequena aldeia, tantas como em Faro e mais que Loulé e S. Brás juntas. Dizia-se antigamente: - em Olhão é porta sim porta não -, hoje poderiamos dizer que em S.B. de Nexe é montra com montra, como na célebre rua de Amesterdão. E como lá, a exposição nua e crua em montras dedicadas à venda, para turistas interesseiros, do património ancestral dos nossos antepassados é um verdadeiro atentado ao pudor dos nexenses que amam a sua terra.
Já vi alguns nascidos na cidade, chorarem porque os seus pais venderam a velha casa do campo onde viveram, até à morte, os avós.
Etiquetas: nexenses
1 Comments:
Valentes nexenses que levaram o nome da sua terra longe.
Belas fotografias e as outras a do próprio texto. Há nexense de sangue vivo os de antes e os de agora.É muito reconfortante o que nos é proporcionado neste inédito e agradável blog do mais genuino nexense.
Retratos puros e dum sentido profundo, muito para reflectir. Um abraço e o agradecimento deste nexense.
Silvestre Brito
agradecimento pelo nexense
Enviar um comentário
<< Home