O FUTEBOLISMO CONTINUA
Os criativos escribas de 3 jornais 3 diários dedicados em exclusivo, mais 4-6 páginas diárias dos jornais generalistas e outro tanto dos semanários, mais 50% dos noticiários das TVs e cerca de mais 20-30% da sua programação geral, fazem do futebolismo a sua carreira profissional e modo de vida. Sobre o povo culturalmente analfabeto é despejado diáriamente, como inevitável aguaçeiro forte e permanente, uma torrente de futebolinices em palavras e imagens repetitas e repetidas e repetidas ao retardador até à exaustão e cedência cerebral. Não admira portanto que a cabeça dos portugueses esteja intelectualmente preenchida com jogadas, jogatanas e teorias conspirativas para explicar todas as situações complexas que surgem na sociedade moderna. Ninguém lê jornais, revistas ou livros de conhecimento que permitam ligações de raciocínios e formação de opinão fundamentada, mas toda a gente têm uma opinão forte, perentória e definitiva sobre tudo, estilo Nabokov sobre literatura. Como devoram, e só, literatura de futebolismo(actualmente alguns experts da matéria para dar-se ares, embrulham estatísticas e alguma beleza de futebol que ainda acontece, em rodriguinhos literário-filosóficos e análises para-científicas), vêem, analisam e discutem tudo sob o prisma do futebolismo, quer se trate do caso Casa Pia, da Joana, da Maddie, do guarda Costa, do guarda do alterne, dos assaltos, dos acidentes, dos políticos, da política, dos ministros, do governo, como da Cindinha, da Lili ou do vizinho que tem um BMW novo.
No recente caso Scolari, todo o pessoal bem pensante dos jornais e blogs, fizeram coro com as leis da Uefa e contra a "vergonha nacional" que o seleccionador nos fez passar. Diga-se que neste caso o povinho educado pelos próprios escribas do futebolismo, não percebeu a idéia subjacente que é a defesa intransigente do estado actual das coisas para manutenção dos seus pequenos privilégios de subordinados dependentes da mão do futebolismo grado. Então, tal como fez o seleccionador sérvio, apontam à Uefa as maldades do Snr. Scolari, malandro que agrediu o anginho sérvio, para que seja punido severamente. Eles sabem que a Uefa, instituição principesca, é rápida a julgar de acordo com os seus regulamentos e "Tribunal Especial" tão democrática e transparente como aqueles vidros modernos que só deixam ver de dentro para fora. E sabem que o "Tribunal" da Uefa castiga sempre, sem ouvir as pessoas e apenas com base em relatórios de árbitros e delegados infalíveis, apenas e só a mão visível da violência. O "Tribunal Especial" da Uefa entende, com o apoio de todos os escribas de serviço, que o único culpado é quem responde a provocações e agressões disfarçadas mesmo que estas sejam pensadas e planeadas no treino ou balneário. Scolari, como treinador e lider, tem de dar o exemplo e enfrentar tudo e todos de cabeça fria, isto é racionalmente, mesmo quando momentânea e inesperadamente é insultado em cima duma ferida ainda a doer. Ele, Scolari, tem de manter-se frio mesmo quando tem a cabeça e coração a ferver, tem de ser ferro e polido antes de ser carne e alma, contudo os dignissimos comentadores com tempo para pensar calma e racionalmente, decidem rancorosos e inapelavelmente pelo "lamentável", "passou-se", "demissão imediata", "despedimento já", "fora", "rua", tudo com justa causa. Foi um verdadeiro auto-de-fé realizado por escritura mediática sob a protecção e bandeira do fair-play, uma coisa completamente desacreditada face ao valor monetário que cada victória representa directa e indirectamente. Depois de tão exacerbado radicalismo de mate-se e esfole-se verbal, imagine-se o que fariam estes senhores apanhados de surpresa e nas mesmas circunstâncias pelo pulha sérvio. Decerto tal actor não voltava inteiro a casa para continuar a praticar jogo sujo disfarçado de futebolista.
Quanto à "vergonha nacional" sentida por tão virginais pessoas é de um ridículo pungente tal é a púdica nacionalite choramingada, que vê a Pátria ofendida num arremedo de arruaça boxista por causa dum jogo de futebol e nem sequer os intérpretes são portugueses. Estas vestais ofendidas envergonham-se logo que o caso é notícia "lá fora" e pode ser motivo de falatório europeu, relatório e julgamento uefiana sempre pronta a aplicar severidades a países que considera menos poderosos que ela própria. Faz parte da tradicional mentalidade moralista e piegas de um povo mendigante face à europa rica, apesar de vinte anos de "Europa Connosco".
Estava redigindo este escrito quando rebentou o caso Mourinho que de repente ofuscou o caso Scolari e prova que o circo mediático, cavalga todos os cavalos de batalha do dia, brandindo novamente princípios moralistas gastos e rascas. Contudo o novo caso Mourinho só prova que futebol hoje em dia é sobretudo poder e dinheiro e que mesmo para empregos pagos principescamente as relações de trabalho são imperativamente de empregado para patrão que não consente haver dois galos no mesmo poleiro. Hoje os clubes são sociedades comerciais, os empresários têm uma carteira de jogadores como bolsa de valores mobiliários, só as victórias rentabilizam essa bolsa de valores, logo é o vale tudo para obter resultados e daí os apitos dourados a todos os níveis. Futebol? Quando é que isso já foi?
E por conseguinte o futebolismo continua.
No recente caso Scolari, todo o pessoal bem pensante dos jornais e blogs, fizeram coro com as leis da Uefa e contra a "vergonha nacional" que o seleccionador nos fez passar. Diga-se que neste caso o povinho educado pelos próprios escribas do futebolismo, não percebeu a idéia subjacente que é a defesa intransigente do estado actual das coisas para manutenção dos seus pequenos privilégios de subordinados dependentes da mão do futebolismo grado. Então, tal como fez o seleccionador sérvio, apontam à Uefa as maldades do Snr. Scolari, malandro que agrediu o anginho sérvio, para que seja punido severamente. Eles sabem que a Uefa, instituição principesca, é rápida a julgar de acordo com os seus regulamentos e "Tribunal Especial" tão democrática e transparente como aqueles vidros modernos que só deixam ver de dentro para fora. E sabem que o "Tribunal" da Uefa castiga sempre, sem ouvir as pessoas e apenas com base em relatórios de árbitros e delegados infalíveis, apenas e só a mão visível da violência. O "Tribunal Especial" da Uefa entende, com o apoio de todos os escribas de serviço, que o único culpado é quem responde a provocações e agressões disfarçadas mesmo que estas sejam pensadas e planeadas no treino ou balneário. Scolari, como treinador e lider, tem de dar o exemplo e enfrentar tudo e todos de cabeça fria, isto é racionalmente, mesmo quando momentânea e inesperadamente é insultado em cima duma ferida ainda a doer. Ele, Scolari, tem de manter-se frio mesmo quando tem a cabeça e coração a ferver, tem de ser ferro e polido antes de ser carne e alma, contudo os dignissimos comentadores com tempo para pensar calma e racionalmente, decidem rancorosos e inapelavelmente pelo "lamentável", "passou-se", "demissão imediata", "despedimento já", "fora", "rua", tudo com justa causa. Foi um verdadeiro auto-de-fé realizado por escritura mediática sob a protecção e bandeira do fair-play, uma coisa completamente desacreditada face ao valor monetário que cada victória representa directa e indirectamente. Depois de tão exacerbado radicalismo de mate-se e esfole-se verbal, imagine-se o que fariam estes senhores apanhados de surpresa e nas mesmas circunstâncias pelo pulha sérvio. Decerto tal actor não voltava inteiro a casa para continuar a praticar jogo sujo disfarçado de futebolista.
Quanto à "vergonha nacional" sentida por tão virginais pessoas é de um ridículo pungente tal é a púdica nacionalite choramingada, que vê a Pátria ofendida num arremedo de arruaça boxista por causa dum jogo de futebol e nem sequer os intérpretes são portugueses. Estas vestais ofendidas envergonham-se logo que o caso é notícia "lá fora" e pode ser motivo de falatório europeu, relatório e julgamento uefiana sempre pronta a aplicar severidades a países que considera menos poderosos que ela própria. Faz parte da tradicional mentalidade moralista e piegas de um povo mendigante face à europa rica, apesar de vinte anos de "Europa Connosco".
Estava redigindo este escrito quando rebentou o caso Mourinho que de repente ofuscou o caso Scolari e prova que o circo mediático, cavalga todos os cavalos de batalha do dia, brandindo novamente princípios moralistas gastos e rascas. Contudo o novo caso Mourinho só prova que futebol hoje em dia é sobretudo poder e dinheiro e que mesmo para empregos pagos principescamente as relações de trabalho são imperativamente de empregado para patrão que não consente haver dois galos no mesmo poleiro. Hoje os clubes são sociedades comerciais, os empresários têm uma carteira de jogadores como bolsa de valores mobiliários, só as victórias rentabilizam essa bolsa de valores, logo é o vale tudo para obter resultados e daí os apitos dourados a todos os níveis. Futebol? Quando é que isso já foi?
E por conseguinte o futebolismo continua.
Etiquetas: futebol
1 Comments:
Um abraço!
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