terça-feira, maio 27, 2008

MARAFAÇÕES LIV


1. O PROFESSOR MENTE

Tal como indica o retrato grafitado no elevador do Lavra em Lisboa o professor continua na sua vidência astrológica de indicações manhosamente subreptícias frente à Dra. Pedroso embasbacada a murmurar:, "sim Sr.Professor", "muito bem Sr.Professor", "e agora Sr.Professor", "que acha Sr.Professor", "pois, os livros Sr.Professor", "pois as notas Sr.Professor", "Ah!, pois claro os apontamentos finais Sr.Professor". Perante a ciência do Sr.Professor a entrvistadora limita-se a confirmar encandeada pelo brilho da palavra e reverenciosa porque "Ele disse". Se a Dra. Pedroso está no programa apenas como jarra de enfeitar ponha-se no seu lugar uma estrela de telenovela, sempre seriam duas estrelas à compita para ser rei do show, e a nossa vista ficava a ganhar.
O oráculo de Delfos não dizia nem escondia, limitava-se a indicar. Neste oráculo dominical a pitonisa diz e esconde para indicar. E tal como o oráculo antigo indicava subreptícia e favoravelmente os da sua simpatia política também este o pratica eficazmente sobre os da côr mas sobretudo sobre os sem côr. Ontem à noite, depois da suspeita venda de livros e editoras, professorou sobre o "atrazo" de actuação do governo sobre os preços dos combustíveis que pode vir a "descredibilizar" o PM que de certeza "já perdeu a maioria absoluta" e está em risco de nem ganhar a relativa. E perde a favor de quem? De Manuela Ferreira Leite, dos outros não, pois só esta tem credibilidade suficiente, porque sim e porque o Professor lhe dá e Ele disse. O jogo de ontem, bem montado e treinado á porta fechada, foi: dado que a campanha de MFL tem como base e pano de fundo a credibilidade, quer para dentro quer para fora do partido, há que, em contraponto à crescente olímpica credibilidade de MFL, dar início desde já à decrescente credibilidade do PM. Como a crise dos combustíveis está nas mãos do mercado (ao gosto dos liberais) e por conseguinte vai continuar e criar irritação, é preciso tranformar o caso em custos de crédito político e levantar a tempo a bandeira da inauguração da descredibilização do aversário.
Tudo perfeito, desde que o Professor não se enrede de mais tal como fez no caso do aborto. Para baralhar o jogo a Dra. MFL já informou que é contra a baixa de impostos a granel e também do imposto sobre combustíveis.


2. AS PALAVRAS SAGRADAS

Mais ou menos todos os partidos têem as suas palavras emblema, mas em nenhum outro elas carregam um simbolismo como no PCP. Nos demais partidos são palavras sazonais, fruto da época de acordo com o linguajar do chefe partidário da altura. As palavras "exploração", "luta", "jornada", "salário", "colectivo", são exemplos de palavras carregadas de significado para o PC que as emprega como se foram um programa político. Foi assim com o intelectual Álvaro e é assim agora com o operário Jerónimo. São o legado histórico do marxismo que foi génese e se tornou a marca do partido, logo intemporais e imutáveis mesmo que tudo mude à sua volta.
Na recente exortação aos intelectuais da DORL o Secretário Geral, animado face à inesperada crise económica, como sempre analizada e vista como crise do capitalismo que é certamente, imediatamente foi ao baú das palavras sagradas e aplicou-as todas dado que " alargaram-se as condições objectivas para que muitos deles (intelectuais) sejam mobilizados para o protesto e luta" e porque as mudanças na legislação laboral " justificam ainda hoje a luta de classes" pediu o empenhamento dos intelectuais na luta por "uma democracia que não seja monopólio de um grupo restrito".
Agora, ainda contra o código de trabalho proposto, acusa o governo de "golpe" contra o direito dos trabalhadores e de "rasgar" a Constituição. Estas palavras também sempre fizeram e fazem parte de um baú sagrado, mas neste caso nunca aberto, nem as suas palavras utilizadas antes das hostilidades revolucionárias. Estas sempre foram palavras ditas e trocadas ao mais alto nível mas nunca escritas antes de tempo.
Claro que Jerónimo as aplica agora mais em conotação com o momento actual a pretexto do novo código laboral mas o conjunto de observações recentes carregadas de palavras sagradas gastas mostram o sempre e mesmo entusiasmo á espreita das condições objecticas, uma vez que as subjectivas são inerentes ao capitalismo segundo a vulgata marxista.
Depois de Engels ter vislumbrado o "socialismo científico", temos agora em Portugal os "politólogos cientistas" que dão pareceres oraculares, a quem lhes pedir ( ou a quem lhes pagar?), sobre o futuro dos partidos. Se já o fizeram sobre o futuro próximo do PSD a pedido, podê-lo-iam fazer igualmente a pedido do PC fornecendo-lhe um baú novo de cartilhas impressas de novas palavras sagradas menos codificadas tal como faz o Bloco. Assim tinham mais disfarces para a oportunidade de vir a comandar uma "demucracia monopólio de um partido restrito" com que sonham desde que existem.



3. O FUTEBOLISMO MENTALIDADE URBANA

Hoje, o cabeça de futebolismo do "trio d'ataque", cabeçudo da rtp só equiparável ao "afofadinho" Santos cabeçudo da sic, informou no fecho do telejornal do meio-dia acerca da meteorologia, que tinha más notícias para o povo porque " o tempo que aí vem é impróprio para consumo". Nem mais nem menos, para esta cabeça de fabrico urbano que nasceu, creceu e foi enlatado na grande cidade, o tempo de chuva só pode ser de "consumo impróprio". Até a linguagem é de merceeiro de super-mercado às prateleiras que é o local onde este tipo de gente pensa que os produtos nascem já embalados. Eles querem lá saber se as albufeiras têem ou não água para abastecimento às populações, se as barragens têem água para a produção de energia eléctrica (gazolina cara? O que é isso? Ele enche sempre o depósito.), se o Alentejo com água pode produzir mais cereal, se os rios com bom caudal são mais riqueza para o país, se mais água é mais pastagem, gado, carne e leite e portanto mais riqueza para o país, etc., etc. Qual quê, ele tem a água que precisa na torneira ( se não tem culpa os políticos), e para beber tem na prateleira do super-mercado ( se não tem acusa os políticos), que sem chuva se esfalfarão para lhe dar água importando-a.
Por conseguinte a chuva só atrapalha o plano de passeio de fim-de-semana ou a ida à praia de tais fulanos. E se nesta altura que nem há futebol a chuva é imprópria para consumo o que faria se fosse tempo dele, e respectiva corrida à bola, para estes cabeçudos de futebolite aguda. Uma tragédia provavelmente, contudo o trágico está na cabeça seca e árida destes figurões.

Etiquetas: