domingo, maio 18, 2008

TELEVISÃO, FUTEBOLISMO, TELENOVELAS, CRIMES, SANGUE, SEXO.


A INOCÊNCIA PERDIDA

Tem toda razão Pacheco Pereira na sua crítica à cada vez mais actual comunicação "pimblóide" em geral e televisão especialmente. Nos meios de comunicação de massa actuais sem excepção, o grosso de seu conteúdo, é uma verdadeira linha de montagem de títulos, cabeçalhos, fotos, legendas, publicidade, cores, design, etc, inteiramente ordenados e manipulados numa linguagem visual destinada a criar um produto final de leitura de choque visual predestinado a obter um efeito mental de mercadoria algo pornográfica para atingir certeiramente e condicionar mentalidades simples desprevenidas.

Mas PP critica a situação como se ela existisse de per si, sem mais e sem causas. Contudo a má tv não nasceu com pecado original, e a actual situação é sobretudo filha das têvês privadas que PP tanto apoiou e apoia ao ponto de estar constantemente a propor a privatização das que ainda são públicas. Tudo começou com os formatos à Rangel na Sic, defendendo a mais obscena pimbalhice para formatar mentalidades acriticas e depois argumentando, com despudorada canalhice, que dava o que o público gostava e exigia. Acabou a proclamar que se fosse preciso venderia um presidente da républica tal qual como vendia sabonetes. Fez escola e foi mestre de Moniz que, aplicando o método e lições do mestre, suplantá-lo-ia como vem demonstrando teimosa e arduamente sem descanso e inimputável.

Pensava e pensa PP que mais privado em comunicação era sinal de melhor conteúdo e mais livre opinião. Engana-se redondamente porque "informar" não é um produto acabado, definitivo, enlatado, inocente, sempre igual e com o mesmo aspecto e gosto. Informar não é criar emoções e suspenses falsos, dramatizá-los com lágrimas de basbaques, e vendê-los em folhetins diários para fazer comércio. Não, informar é um produto base constituinte de um processo construtivo de consciências, mentalidades, pensamentos, éticas e estéticas que não pode ser deixado ao livre arbítrio comercial.

A tv pública precisa da antiga taxa para ser económicamente independente e entregue a jornalistas e homens de cultura honestos, afim de tornar-se um exemplo de escola de educação e formação em todas as áreas, mesmo no desporto e entretenimento mas de forma inteligente. Deve tornar-se exemplo de reconhecimento pela qualidade e deixar aos privados que chafurdem na merda morbida ou côr de rosa como tanto gostam e tanto quanto queiram.

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