domingo, maio 25, 2008

JOAQUIM ISIDRO CONCEIÇÃO ROSA


O PINTO (1948-2007)

Vendo e revendo as imagens de video do alegre e feliz almoço da Charola "Flôr de Lis" em Novembro de 2007, no Café Central de Santa Bárbara de Nexe, pensamos imediatamente na impossíbilidade de entendermos os indecifráveis mistérios do espírito humano que, de um Homem pleno de alegria rodeado de amigos, faz um Homem só, a olhar-se, a ouvir-se e a pensar-se a si mesmo e à sua própria existência. De que matéria é feita a razão do ser humano que é uma coisa, pensa outra e deseja ser outra e convive simultâneamente com as três condições contraditórias dentro de si, debatendo-se numa luta interior transcendental, entre o ser e o não ser? Que comédia louca ou que drama trágico é a vida incessantemente representada como um desfile de fantasmas vivos? Que emaranhados caminhos do pensamento conduzem a consciência a um labirinto sem saída? E nós outros, os próximos, os amigos, os conhecidos que julgamos ver a alma do Homem observando a sua acção e olhar, que podemos fazer quando sempre observámos acções e olhares limpos, e dada a impossibilidade de vermos ouvirmos ou lermos o que vai dentro dessa alma? Julgamos compreender o mundo, o cosmos e o micro-cosmos que nos rodeia pela explicação ciêntífica, contudo continuamos primitivos ignorantes quanto á conpreensão de nós próprios.

Certo certo, acontece, é que o Homem por mais que viva irmanado em sociedade, por mais livre que seja, por mais feliz que viva, por mais utopias que sonhe, o seu destino como indivíduo autónomo, está umbilical e inapelavelmente ligado á sua matéria íntima genética que o moldou um ser único intransmissível desde o princípio. Pode a sociedade impôr, legislar, ordenar, perseguir, condenar, prender que jamais poderá impedir o desígnio das leis mais altas e nunca escritas que ditam o nosso inerente direito à eternidade.

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