quinta-feira, maio 22, 2008

GORJEIOS XVI


OH!, CIDADE DAS JANELAS INDISCRETAS

Oh!, cidade das janelas indiscretas
Molduras de modelos vivos fazendo convites
De fazer crescer e incendiar apetites
Que chegam em bandos em bicicletas
E em grupos observam e medem os modelos
Em coloquial aberto e minucioso exame
Fitando-os clara e demoradamente a vê-los
De lado a lado da ponta dos pés aos cabelos
Em ruas de Amsterdam.

Oh!, perverso Lautrec das mulheres do Pigalle
Oh!, delicada Maluda das janelas de Lisboa
Pintem estas mulheres e janelas onde o sexo voa
Incandescente ao rubro sobre a rua e águas do canal
Sejam malditos, cubram as telas de vaginas e tetas
Escorrendo e onde todo o mundo vá e mame
Encenem olímpicas orgias e bacanais
Ponham falos cuspindo esperma como agulhetas
Exaltem a folia de bordéis com meninas nas saletas
Ondas de esporra espumem as águas mansas dos canais
Contestem subvertam façam humano o frio e infame
Sexo mecânico tecno-asséptico de Amsterdam.

Amsterdam, 20.04.99

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