segunda-feira, maio 25, 2009

CASOS E SINTOMAS


DE MAL PERIGOSO
O caso da gravação da aula da professora desalmada a falar de educação sexual destrambulhadamente, vista em conjunto com outros sinais recentes da nossa actual sociedade, revela um sintoma de tendência preocupantemente perigosa.

Vimos os casos de:
1) Uma aluna (e uma turma inteira) a querer tirar pelo uso da violência o telemóvel que a professora lhe havia confiscado para não incomodar a aula.
2) Educadores professores em manisfestações com slogans e cartazes altamente insultuosos para governantes ministros seus superiores hierárquicos.
3) Meninos da primária insultarem e atirarem ovos a ministros com professores educadores por trás a aplaudir.
4) Três camaradas magistrados irem almoçar amigavelmente e depois dois deles queixam-se que um deles os pressionou porque fez sugestões durante o repasto.
5) O PR recebe a queixa do sindicato dos magistrados que não se queixa antes ao PGR, seu superior hierárquico, e este não entrega imediatamente as chaves da procuradoria ao PR. Agora o PR recebe e aceita as queixas de um enfermeiro com crítica ao superior hierárquico do enfermeiro. Um PR e um palácio feito caixa de correio e ouvidor de queixas de queixinhas.
6) Agora, mãezinhas espertas duma aluna santinha, colocam um gravador no saco da menina e vá de gravar o assunto da lição do dia na sala de aula.
7) Diariamente, a nossa tv e imprensa, revela segredos de justiça, faz juizos de valor sobre casos de justiça, fomenta suspeitas tendenciosas, faz processos de intenções sobre as suspeitas que ela própria levanta, dissimula julgamentos para condenar na praça pública os suspeitos de sua propria criação.

Todos estes sinais, para além da imediata falta de educação e respeito e até de carácter dos intervenientes, revela um sintoma de regresso à sociedade no estádio de pré-justiça: ou seja, cada um ou cada grupo quer fazer justiça pelas suas próprias mãos. Em todos os casos acima assinalados, há uma linha de conduta visivelmente indiciadora de um denominador comum: uma actitude de vindicta como reacção sobre alguém que lhes está provocando um dano, retirando um privilégio, a baixar ou nivelar o pedestal, a não respeitar o estatuto e nobreza da função, da pessoa, do grupo ou dos seus pergaminhos académicas, etc.

A artilharia tecnológica moderna proporciona, a legislação atrazada e deficiente permite e quem pode e a sabe usar manipula-a para vinganças e vingançazinhas pessoais ou ideológicas. Contudo, quase invariavelmente, toda essa gente de índole vingativa, para fazer-se de juiz caseiro em tribunal especial particular, ultrapassa a lei e pisa a ilegalidade. Só o laxismo do Estado, que se quer e diz de direito, ao contemporizar sem uma actuação urgente para condenar e repôr a legalidade, dá aso a que os casos se multipliquem por exemplo de impunidade. O caso mais recente da aula gravada é paradigmático: de ambos os lados se desrespeitou a lei, contudo, não se passa da discussão acesa de palavras e argumentos sem fim e sem conclusão. A tendência actual para acerto de contas pessoais, ainda por cima usando métodos de delação, tendem à bufaria, à suspeita generalizada, e daí à sociedade de acusadores, delatores e medo é um passo: deveras os sintomas são preocupantes e perigosos.

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