terça-feira, março 15, 2011

À RASCA OU ENRASCADOS!


Ocasionalmente, ouvi hoje (ontem) na rádio um manifestante da "geração à rasca" de Faro afirmar que:
...o meu pai investiu em mim trinta e seis anos.

Pois é, talvez o mal esteja precisamente aí. O meu, quando fui estudar avisou-me à partida:
Ouve bem, se chumbares vais trabalhar.

E fui, não ultrapassei o 4º ano. Era especial no recreio, na bola, no bilhar, nos jogos em geral como bom moço "montanheiro" do campo, mas muito mau para compreender o francês, o inglês e entender a mecânica pura da matemática (obrigado Lucas por me teres ensinado em definitivo, com limpidez matemática, essa exacta mecânica dos números no jogo das igualdades).
Fui trabalhar como tractorista aos quinze anos para o Alentejo na construção de estradas. Foi duro mas fez-me ganhar juizo, à minha custa aprendi a gostar de ler e saber, comecei a comprar livros para ler à noite no estaleiro das obras. E encetei uma vida de estudante como auto-didata, mesmo na guerra e em situação de isolamento no mato. Aqui estudei por minha conta para fazer a admissão ao antigo IIL, e acabei por fazer o IST na condição de trabalhador-estudante, aos 42 anos.

O meu pai, infelizmente, não tinha quaisquer possibilidades sociais nem posses para me manter a estudar, a qualquer preço, até tirar um qualquer curso médio ou superior que só existiam em Lisboa, Coimbra ou Porto.

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1 Comments:

Blogger sergio said...

Adolfo, eu ouvi in loco o que o rapaz disse e se não ouvi mal a história toda, ele estava a dizer que à falta de oportunidades de trabalho foi sempre obrigado a continuar a estudar e a tirar sucessivos graus de ensino, mas que por ele já queria trabalhar à muito para também poder compensar os seus pais.

9:42 da tarde  

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