segunda-feira, junho 10, 2013

O GABAROLAS



Em grande solene sessão Cavaco acaba de fazer um discurso a falar, por subentendida omissão, da sua elevada persona. Aliás como é usual em sí e próprio de uma personagem auto-convencida de que tudo que mexe gravita na órbitra do seu umbigo solar. Tudo em Portugal nasce, cresce e é iluminado pela sua luz solar umbigal. Um rei-sol à medida da pequena-grandeza do país.
Quando o país espera ávido uma fala sobre a situação e uma ideia para uma tentativa possível de  superação da crise face ao impasse político criado, Cavaco desata a dissertar sobre agricultura. E serve-se do recente progresso desta para exemplificar como é possível vencer a crise.
Claro, manhoso, esquece a sua contribuição inicial na UE para o abate generalizado da mesma e das pescas a troco de "ajudas" ao sector. Omite que não mexeu um dedo nem tomou uma medidazita sequer para fazer avançar o Alqueva, o grande motor actual de transformação do sector. Naquele tempo o povo inscreveu nas paredes da barragem, "Construam-me Porra" mas Cavavo só ouvia o seu povo merdoso dizer, "Contrua-se uma Porra, que é novo elefante branco". E Cavaco medroso e merdoso como o seu povo, não avançou uma pedra nem uma pá de areia para terminar o Alqueva.
Contudo, tal merdoso passado de Cavaco sobre agricultura não o inibe agora de vir tirar partido do actual sucesso da nossa agricultura insinuando sonsamente que foi o pai fomentador de tal progresso quando, pelo contrário foi, como em tudo o que toca, um atraso de vida nesse sector tanto como no resto para o país.
Cavaco é aquele tipo gabarolas para quem tudo que sai bem foi obra sua e tudo que corre mal ele tinha criticado e já dito e avisado que ia correr mal: um verdadeiro adinvinho do que já foi.
Agora Cavaco está nas suas sete quintas, finalmente é o Presidente e o que manda no governo: enfim sem forças de bloqueio. Apoiante declarado da política de Gaspar fez-se suporte e mandante do governo onde o PM é verbo de encher e já não conta. Enfim, o comandante supremo do país,  o grande manda-chuva como sempre sonhou quando quiz ser Presidente.
O seu apoio declarado ao actual governo não é mais que o cavalgar a situação para se assumir como o presidente que manda, que pôe e dispôe a seu belo prazer, mesmo contra a vontade do povo se for preciso.
O final do seu discurso de hoje, que mais não é que o discurso do governo, e o teimar em insistir na sua visão do pós-troika que o Conselho de Estado rejeitou, não é mais que querer fazer ver aos contestatários que quem manda e impôe a política é ele.
Cavaco é hoje o manda-chuva da política mas se esta continua a só mandar mal-estar ao povo pode acontecer que, i) tente perpectuar-se no poder à força e na política actual pois, como afirma, qualquer que seja o governo não poderá fugir da sua política, logo mais vale manter os intervenientes que estão, ou ii) pode tornar-se num perigoso manda-chuva que não chega para apagar o fogo que ateia.

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