quinta-feira, outubro 03, 2019

VOTAR; DAR OU DAR EM TROCA?


Há os que são contra tudo e todos os políticos e respectivos meios e métodos de determinar os representantes políticos e, consequentemente, não votam nunca.
Há os que acham que os partidos e os políticos são todos iguais e, por conseguinte, votar não altera nada na política e nas suas vidas e também não vão votar.
Há os que são tão individualistas ideologicamente que vão ao extremo de que, nem num vasto leque de entre tantos partidos concorrentes, nenhum deles o representa fielmente ou mesmo aproximadamente e então ou não votam ou vão votar em branco à falta do "seu" partido.
Há aqueles, mais raros, que votam num partido porque ideologicamente representa o oposto do outro partido que odeiam por despeito, vingança ou raiva.   
Há também os que não entendem nada da coisa política ou seja aqueles cuja política é "o trabalho" os quais vão votar onde outros de sua confiança lhes indicarem. Estes são o povo do caciquismo.
Há a maioria de votantes que votam por "tradição" no seu partido de sempre. Votam por tradição familiar adquirida dos mais velhos ao longo dos anos mas não sem que uma análise e consciência prévia faça, mais ou menos, coincidente ideologicamente votante e partido. Os que se opõem a este método de votar alcunham estes de "carneirada" ou votantes "clubistas" mas não é nada razoável pensar que pessoas racionais que vivem diariamente entre outras pessoas igualmente racionais lógicas não pensem ou pensem "em branco" sempre que têm de votar. Isto não existe pois a vida das pessoas é um diálogo permanente entre si mesmo e os seus interesses pessoais e o vasto mundo diverso exterior. 
Os votantes "tradicionais" votam igual e necessariamente nos partidos tradicionais ou mais antigos porque são estes os que marcaram e marcam as ideologias originais universais e deixaram delas um rasto histórico que esse povo, dito de clube, aprovou e continua aprovando. Tais votantes, pela experiência e prática desses partidos, sabem com mais clareza o que esperam deles e por tal confiam neles por vontade própria e consciente.
Os contraditores do voto por "clubite" são uma elite pretensamente letrada que sobrestima o valor do seu voto e, portando, antes de o dar a outrem quer saber esmiuçadamente tudo o que tal e tal partido lhe dá em troca. Vai daí e toca de estudar os programas, ouvir atentamente o que dizem os políticos nos debates, nas arruadas, nas declarações instantâneas perante os microfones na rua ou as declarações solenes nos comícios. 
Poder-se-á dizer que uns "dão" e outros "dão em troca" os seus votos.
Ora como a intenção de todo o programa ou toda declaração publica em eleições e campanha eleitoral é obter o máximo de votos tem, obrigatoriamente, de se dirigir a um leque alargado de classes sociais e, consequentemente, de cozinhar um leque igualmente alargado de declarações de linguagem e promessas para todos os gostos. Isto não pensando ainda na potencialidade que certos políticos têm para ocultar seus verdadeiros programas e intenções enquanto "pregam" mentiras para agradar e ganhar votos aos ingénuos e aos incautos experts. 
Na prática acontece que tais votantes por única e pura escolha "analítica" passam a campanha a mudar de sentido de voto e chegam ao dia de votar e ainda continuam baralhados e hesitantes. 
E muitas vezes, passados uns tempos pós-eleições quantos destes votantes se manifestam enganados ao contrário daqueles que, votando por "tradição", costumam responder; pois eu cá nunca me engano, voto sempre no mesmo!

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