DA NATUREZA DAS COISAS? DO ACASO? DA NECESSIDADE? DA ACÇÃO DO HOMEM?
Como seres pensantes podemos perguntar: porquê de tempos a tempos históricos irrompe no interior da civilização humana alguma epidemia, e outras catástrofes, que arrasa uma percentagem grande de população existente no planeta Terra?
No princípio, desde o trovão até ao maior cataclismo, todos os factos desconhecidos foram atribuídos à ira dos deuses, quer pagãos quer católicos e, ainda hoje o são para os crentes.
Os gregos antigos puseram-se a questionar acerca da natureza das coisas e chegaram à razão e ao método racional, o saber epistemológico: Platão chegou ao pensamento de que "as coisas são o que são porque isso é o melhor para as coisas". Actualmente alguns estudiosos de filosofia pensam que Platão anteviu um "microcosmos " das coisas à semelhança do "cosmos" do universo igualmente ordenado, equilibrado e auto-regulado por forças físicas tal como Newton o revelou; tudo o que acontece seria uma necessidade intrínseca para a boa adaptação funcional das coisas vivas existentes.
Cada estrutura de um ser vivo é, por conseguinte, testemunho de um determinismo autónomo, preciso, rigoroso implicando uma "liberdade" quase total em relação aos agentes ou condições exteriores; poderão estes entravar esse desenvolvimento, mas não de o dirigir, mas não de impôr ao objecto vivo a sua organização.
Assim, todas as adaptações funcionais dos seres vivos representam a realização de acções ou projectos parcelares e particulares de um "projecto" inicial único, que é a preservação e multiplicação da espécie: é como se tudo fosse dirigido por um princípio de necessidade objectiva.
Sabemos, contudo, que todos os projectos, considerações e princípios filosóficos ou científicos formulados até hoje sempre estiveram longe de deduzir uma cosmologia capaz de prever a evolução geral do universo. Além de que em cada acção ou projecto particular do projecto inicial único há alterações acidentais devidas ao "acaso" e também derivadas da imprevisibilidade essencial previstas no "princípio de incerteza" da teoria quântica.
O planeta Terra coberta de seres vivos é, consequentemente, o maior organismo vivo conhecido e constitui o tal projecto inicial único que, só por si, é um macrocosmos para o homem por sua vez incluído naquele maior que é o universo.
Com o eclodir da ciência no Séc.VII com Galileu, Descartes e Bacon e a rápida evolução científica e tecnológica posterior o homem dedicou-se desenfreadamente a uma exploração da natureza em nome do progresso tomando-o como objectivo único face a um ideal progressista imparável e infindável. Assim, o homem:
- foi toupeira mecânica esburacando a terra à procura de carvão, minerais e petróleo.
- foi guerreiro temerário ao promover ensaios nucleares no interior da terra.
- foi salteador contra o pulmão da terra; a floresta.
- foi engenheiro louco ao lançar para a atmosfera, o mar e a terra os detritos maléficos do industrialismo.
- foi estúpido ao promover a destruição da natureza para sustentar uma explosão demográfica.
Percebe-se hoje que o homem se deixou enredar na ideia cultural progressista-desenvolvimentista que, tal como nos organismos, tendem a perpetuar a sua estrutura e a multiplicá-la.
Uma consequência, a mais visível e mais estudada nas suas ligações com a acção deliberada do homem sobre a natureza, são o aquecimento global e consequentes alterações climáticas mas nada nos diz que outras alterações, igualmente importantes, não estejam em curso lento tal como o enfraquecimento genético devido à degeneração da selecção natural darwiniana do mais apto.
Por isso é legítimo questionar se tais sinais não são sintomas derivados da tentativa humana de manipulação estrutural da natureza e se tais sintomas não já uma resposta e aviso do macrocósmos para que o homem volte a redirecionar a sua aventura humana para formas mais amigas da natureza e, concomitantemente, de si próprio.
Etiquetas: viros corona 19; do acaso? da natureza das coisas? da acção do homem?
1 Comments:
Muito bem amigo.
Seria bom que, em vez de reflexões sobre medidas conjunturais e apelos à clausura doméstica (útil, mas ainda assim questionável), se desenvolvesse mais pensamento sobre as causas. Sim, as causas, os mecanismos estruturais do que vivemos. O pensamento reflexivo, que conquistamos com a separação do espaço-tempo, devia servir-nos, como fizeram tantos que citas (Einstein, por exemplo), para percebermos que há muito que devíamos ter radicalmente alterado a nossa relação com a natureza (os outros seres vivos portanto!).
Helder.
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