terça-feira, outubro 20, 2020

OS "VAR"

São especialistas no uso de defender e cometer meias e inteiras falsidades que aparentemente fazem passar por opiniões assertivas quase evidentes para grande parte da opinião pública, contudo, não são mais que análises de premissas falsas ou erros grosseiros de análise tal como a resolução falsa do “var” que anulou a decisão do árbitro de campo no recente Sporting-Porto.

Está na génese do "football" e assim é entendido universalmente que este desporto deve ser praticado pelos jogadores apenas pelo uso dos seus próprios pés, pernas, tronco e cabeça; se se joga a mão à bola ou ao adversário para disso tirar benefício é falta com direito a castigo previsto no regulamento futebolístico; o jogo limpo, tal como deve ser praticado e jogado, prevendo abusos aos regulamentos criou técnicos especializados para arbitrar o jogo e punir comportamentos à margem do regulamentado. Face à grandeza indústrio-comercial e disputa que o futebol adquiriu levou a que os senhores desta rentável indústria criasse mais um complemento de verificação por meio de imagem digital pormenorizada, o "var", dirigido por um segundo árbitro que analisa os casos duvidosos assinalados ou não pelo árbitro de campo e primeiro responsável.

Evidentemente, nenhum destes meios de análise do jogo, no momento ou à posteriori, controla ou elimina totalmente a possibilidade de erro e, especialmente, neste jogo; dois meios de análise diferenciados em simultâneo se entram em contradição entre si há, de certeza, um que comete erro criando mais dúvidas e suspeições que antes existia com um único árbitro. 

Porque ambos os meios de fiscalização não medem "intenções" e ainda menos "intensidades". Em muitos casos de intencionalidade e intensidade subtis são considerados subjectividades impossíveis de atribuir um juízo de valor. Mas será que no caso em análise não é possível discernir e atribuir racionalmente um juízo valorativo a uma das partes; ao árbitro de campo ou ao "var" que anulou a sentença do primeiro?   

Ora, primeiro; se dos regulamentos do futebol se aceita à priori que o jogo não deve jogar-se com as mãos logo daí resulta que o jogador à defesa, que jogou e colocou as mãos nos ombros do adversário avançado que lhe havia ganho a dianteira face à bola de jogo, cometeu, inegavelmente, uma falta regulamentar que, por princípio, deve ser punida independentemente da intensidade peso-força exercida pelas mãos nos ombros do adversário.

Segundo; se o árbitro "var" chama o árbitro de campo e lhe recomenda que anule a decisão além de não considerar a falta anterior segundo os regulamentos, ainda comete o erro de dar o benefício da dúvida ao infractor.

O sinal que tais decisões dão aos jogadores e treinadores é de que em último recurso é melhor recorrer à falta; há sempre a hipótese de passar em claro ou mesmo até, no limite, com sorte tornar o adversário culpado. Afinal, a velha tese de que o crime compensa!
Não será esta uma razão porque se marcam tantos penaltys nos jogos de futebol?

Tal como os "var" da bola os grupos de cromos acima e muitos outros a título individual que invadem diariamente os média não passam de uma espécie equivalente no que diz respeito à política da comunidade; utilizam o poder de comunicação em massa para emitir opinião a partir de premissas falsas para deduzir conclusões, também elas logicamente falsas, mas pré-concebidas com o fim de tirar delas o efeito político pretendido. 

Também estes se servem de meias-verdades e aparentes subjectividades dos factos para deduzir conclusões de acordo com ideologias que defendem. Usam e abusam das infinitas subtis subjectividades dos conceitos de "liberdade" e "liberdade de expressão" para, tal como faz o "var" acerca dos regulamentos da bola, se borrifarem nas Deontologias, nas Leis e na Constituição. 

Igualmente utilizam métodos linguísticos e jogos de palavras para fazer trocas de conceitos próximos mas não equivalentes e desse modo construir falácias ou juízos contraditórios nos termos afim de atingirem deduções que concordem com seus pontos de vista ideológicos.

Arvoram-se em campeões dos princípios éticos e da verdade mas quantas vezes já não apoiaram mentiras claras ou erraram em suas óbvias opiniões-previsões sem jamais reconhecerem esses erros continuando a pensar repentistamente sobre questões complexas que requerem conhecimentos e estudos aturados. 

Insinuam, quando não declaram directamente, que determinados políticos são corruptos sem posse de prova alguma nem julgamento de tribunal e, com tal ideia fixa em mente, imaginam os maiores crimes de corrupção e total falta de carácter ético nessas pessoas quando, precisamente, o julgamento popular por suposições e insinuações que praticam nos media prova mais a própria falta de carácter ético-democrático dos acusadores na praça pública que eles, afinal, são.

O "var" da bola tem o seu poder limitado a um pronunciamento único de "sim" ou "não" em cada caso suscitado por uma subjectividade, contudo, estes "var" da opinião política, económica, literária, social, ética e estética pronunciam-se acerca de tudo e todos os factos diários que surgem na comunidade. Fazem censura ou apologia de tudo que é discutido na opinião pública e que, tratando-se de ideias, contém em si subjectividades, subtilezas de pensamento e perspectivas de observação de tal ordem de dificuldade que nem o mais sábio, com tempo e estudo, consegue uma explicação acertada, cabal, definitiva quanto mais uma resposta dada de momento por opinadores de martelo.     

Por isso, sendo pagos para dar opinião quer tenham alguma ou não, muitas vezes, sacam do argumento da chalaça, piada ou risada depreciativa que é o argumento dos sem argumento apanhados a falsificar ideias; neste caso fazem o papel de entertainers de stand up, sentados.

Destes "var", por cá, acerca de cada caso polémico que surge na opinião pública surgem logo dezenas deles a ditar soluções especializadas desconhecidas dos especialistas.    

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