sexta-feira, outubro 30, 2020

O TRUMPISMO VAI VENCER!

Há uma diferença intelectual abissal entre um visionário e um retrovisionário; o primeiro olha o que existe e acha pouco; insatisfeito quer, pensa e procura o novo, investe no novo, cria o futuro. O outro olha o que existe e acha mal e muito mau tudo que o que vê e o rodeia, torna-se pessimista; e nem pensa, vira-se para o passado dos bons velhos tempos, para os velhos métodos, velhas formas de vida, antigas indústrias que deram brado, velhas teorias económicas e sociais de desenvolvimento que criaram e marcaram uma época mas, uma vez já absoletas, repetidas num tempo novo tornam-se anacrónicas e retrógradas além de desastrosas. 

Pensar que se pode hoje, quando se vive numa sociedade sofisticada de elevada modernidade tecnológica, voltar a viver a vida segundo a grandeza e valores da sociedade do aço, carvão e petróleo da grande indústria pesada, é uma utopia nostálgica tão irrealizável e dirigida ao insucesso como foram todas as utopias revolucionárias acontecidas sob a ideia das comunidades primitivas felizes. As formas de vida transactas não são nunca uma opção real para o presente; recriar sociedades tradicionais hierarquizadas que foram, supostamente, felizes no passado é próprio de projectos reaccionários. 

Trump é o modelo tipo dessa anacronia retrógrada; não educado minimamente na leitura e estudo da história da ciência e pensamento das ideias mas, antes pelo contrário, preparado tão só para o sucesso no mundo dos negócios, obtido tal sucesso no mundo corrupto do dinheiro sujo das traficâncias globais o seu mundo de vida é ele próprio, o seu exemplo de vida é a sua vida, o seu objectivo e fim na vida é vencer ou destruir o outro visto como um obstáculo, uma ameaça, um inimigo a vencer ou mesmo destruir se não se submeter.
Um tal formato de homem, quase normalmente, torna-se um bronco estúpido e louco que se julga o Midas que transforma em ouro tudo o que toca; certamente, não por acaso, os objectos do seu mundo personalizado para mostrar ao mundo da vida dos outros são peças douradas que usa para informar os outros acerca de sua grandeza humana; ele é o homem de raça dourada acima dos brancos, pretos e amarelos do mundo. Torna-se um homem totalmente alheio à reflexão racional para se tornar um homem religioso de convicções fundadas em crenças do sobrenatural, da irracionalidade; o maior, o fantástico, o único, o eleito, isto é, o louco.  
Um tal homem é altamente perigoso pois, como se vê, não aceita nenhuma derrota, nenhuma contradição ao seu querer, nenhuma alteração à sua vontade. Começa por querer impor-se, maravilhado com a sua própria pessoa, aos outros homens do seu país a qualquer custo contra a democracia e, tornado altamente poderoso, tenderá fazer impor-se ao mundo do mesmo modo.
Será a democracia americana suficientemente forte para se opor, travar e vencer o bacoco cesarismo de um imitador de imperador de lata e penacho dourado?

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