quarta-feira, julho 14, 2021

PROFESSOR FIOLHAIS; NÃO HAVIA NECESSIDADE

 

 
Um homem extremamente inteligente, para mais cientista e Professor Catedrático reconhecido e respeitado, tinha o dever de fazer as suas críticas devida e cientificamente enquadradas e fundamentadas sem usar a linguagem do agrado da massa pública, de algum modo, alinhando-se pelo actual tom, jeito e recorrente modo de linguajar crítico populista dos demagogos antidemocráticos.

Nestes tempos, um Professor Doutor cientista relevante afirmar frente às câmaras de tv algo como: 

"no plano político a ciência tem sido mais usada pró discurso do que propriamente prá prática. A ciência tem sido uma palavra usada na boca dos políticos mas não tem sido uma grande prática usada pelos políticos"

 é aceitar e conferir validade, embora neste caso parcial, ao pensamento total da extrema direita acerca da totalidade da vida política corrente; e, contudo, neste caso da ciência a ideia que o Prof. Dr. passa ao povo não é assim tão rigorosa se tivermos em conta um período mais alargado; se hoje o valor para a Ciência&Inovação e Tecnologia é de 1,4% do PIB tempo houve, com Mariano Gago do Governo Sócrates, salvo erro, a percentagem do PIB para o mesmo fim era o dobro do actual valor.

O Prof. Dr. Fiolhais decerto não dá palpites sobre a ciência que ensina aos seus alunos à boa maneira de um bom Professor; nem dá certezas absolutas sob promessas futuras acerca da vida económica ou social à má maneira de um totalitarismo demagogo; ao explicar-se deste modo indefinido contra os políticos além de valorizar a falsa propaganda antidemocrática dos demagogos contra os políticos faz que o povo despolitizado mais creia ainda que todos os males da vida na sociedade portuguesa são devidos aos políticos pelo que passa a mensagem errada de que sem partidos e políticos, como num totalitarismo salazarista ou outro de novos ares e modos, tudo seriam rosas para o povo.

Sobretudo, este estilo de culpar os políticos pelo males da sociedade, imitando a propaganda totalitarista, é um perigo para a democracia porque não só credibiliza como incita os demagogos ao uso útil de mais e melhor falsa demagogia descredibilizando continuamente o Estado Democrático quando, ao contrário, podia e devia ser um contributo democrático para a sua credibilidade e estabilidade; sim, porque qualquer uma explicação correcta acerca da Ciência em Portugal conclui, necessariamente, que tal foi um dos maiores êxitos da democracia portuguesa; o salto dado pela nossa investigação científica desde Mariano Gago foi, para Portugal, como o passo dado na Lua para a humanidade; nunca tivemos tantas publicações científicas em revistas de referência e muito menos tantos cientistas a trabalhar em laboratórios de investigação e grandes cientistas com invenções de reconhecido e requerido interesse internacional.

Aliás, como sabem todos que viveram sob o Estado Novo, o normal era para a educação de então, saber ler, contar e fazer o nome e para a investigação recorrer à propaganda e à nossa Senhora de Fátima; para o salazarismo a investigação científica ainda era encarada subversiva e contra a "verdadeira ciência" que constava nos evangelhos; logo, por muito pouco que se tivesse feito, e na realidade foi muito e não pouco o que se fez, seria sempre uma verdadeira revolução científica o que foi feito no pós- Abril/1974.

Assim, as declarações incorrectas de Fiolhais feitas no sentido e referência à maneira dos escândalos e corrupções políticas são, nas mãos da imprensa sensacionalista, mais uma arma de importância que vai além do sensacional; repare-se que de tudo o que o Prof. Fiolhais disse o que foi salientado, sublinhado e repetido sucessivamente foi, tão somente, aquelas suas respostas dadas de improviso e mal pensadas.

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