sexta-feira, março 16, 2007

TELEVISÃO ÃO ÃO ÃO II

ABRUPTAMENTE

O senhor Pacheco Pereira, na sua demanda actual contra a RTP, volta de novo no Abrupto(12 pp), com um exemplo de como a televisão pública manipula para servir o governo. Diz que a RTP abriu o noticiário com o caso da «menina raptada» enquanto a SIC abriu com a notícia do DN sobre as «admissões do governo» um caso incómodo para o governo.
Prova isso que a RTP manipula a favor do governo? Provavelmente. Serve o dono, e nessa medida de servir o poder serve-se a si, serve a manutenção do seu elevado poder próprio, serve a garantia da sua continuidade instalada, serve os grandes e pequenos interesses de todos os que estrebucharam para se alcandorar a uma migalha de poder. Não é o próprio Estato que se organiza a si e à sociedade para sua preservação e manutenção mesmo para quando o poder muda de mãos? Que são as leis, todas no seu conjunto, senão um código de mandamentos que estabelecem as relaões hierárquicas de produção, políticas, culturais, morais, estéticas, sociais, costumes, etc., de modo a preservar a coesão e continuidade da sociedade? Todo o ser vivo, racional ou instintivamente, reage a tudo que atente contra a sua existência, ora as instituiçõs, as comunidades, os países, como seres vivos organizados reagem de igual modo. A RTP não foje à regra.
Mas o exemplo citado prova sobretudo, e é aqui que este tipo de exercício à PP é manipulador tanto como a RTP que acusa, que a SIC também tem dono. Prova afinal que a SIC é privada mas não se priva de fazer política, e fá-lo em oposição ao governo. E porquê? Exactamente porque tem dono e rosto bem conhecido com interesses políticos idênticos aos do senhor Pereira e, ainda pior, tem interesses comerciais avultados com a subalternização ou desaparecimento da RTP.
Muito pior ainda, os exemplos como esse e outros citados em defesa da televisão privada, só prova que quando o PSD fôr governo em vez de uma tem duas televisões predispostas a propagandeá-lo; a RTP por imposição hierárquica e a SIC por camaradismo político e interesse financeiro. E neste caso o grau de liberdade de imprensa e, por conseguinte, das liberdades, fica diminuida.
Senhor Pacheco, através da sua bagagem academista, não queira enganar-nos, impregnando o pensamento lógico com retórica redutora e retorcida, defendendo o contrário do que a evidência prática já fez regra. O que, depois do insulto verbal a António Campos por este denunciar a existência de vacas loucas, e depois do insulto intelectual aos não apoiantes de Bush(Durão) na guerra do Iraque, seria o terceiro insulto à inteligência dos portugueses.

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