quinta-feira, maio 24, 2007

NOTÍCIAS DO PAU VII

DE OVÍDIO A VIRGÍLIO

Qual a duração de um costume antigo, de um provérbio popular, de uma tradição oral, de uma oração milagrosa, da crença num feitiço ou nos efeitos de artes mágicas? Séculos, milénios?
Há dias tinha lido em um dos seus poemas do livro "Amores" de Ovídio, uma referência às artes mágicas de Circe, assim: "... ela conhece bem o poder das ervas, o poder dos líquidos segregados pela égua em tempo de cio".
Agora calculem qual o meu espanto quando, dias depois, fui até ao jornal do pau, aqui nos Gorjões, e no meio da conversa, o Virgílio "Furgena", quando lhe perguntaram se não queria feno para dar às cabras que ele tinha em casa e guardava pelo campo, respondeu: "...quais cabras, só tenho uma e não sei se ela escapa, já morreram duas e tenho outra a morrer em casa. Fui com elas para um nateiro junto ao mato, comeram erva mijada por ouriça prenha ficaram logo doentes, não há salvação".
Que dizer desta similitude evidente entre estas duas opiniões com dois milénios de interválo entre elas? E como se ligaram através dos tempos a opínião de um dos homens mais cultos da época augusta romana com a opinião de um homem actual quase analfabeto? O poder curativo das ervas já era conhecido desde os muito antigos e o conhecimento das doenças através da urina foi teorizado por Hipócrates, mas a idéia dos malefícios da erva molhada de urina de animais em determinado estado sexual, só tem sentido na crença em feitiços e artes mágicas mitológicas.
Ovídio e Virgílo "Furgena", o poeta e o pastor, juntos invocando o mesmo desgosto; um por amor de Corina o outro por amor das cabras.

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2 Comments:

Blogger Cusco said...

Olá! Já li o jornal com as sempre interessantes notícias! Retiro-me curvado perante a sabedoria do Ovídio,do Virgílio, e do Autor do Texto!
Um abraço!


Cusco
Maria Pires Contreiras (avó)
Maria Francisca do Carmo (Bisa)
Francisca do Carmo(Trisa)
José Pedro Contreiras (tetra)

Estanco/Gorjões

8:38 da manhã  
Blogger HFR said...

Não é por acaso que o nosso filósofo do "pau" se chama Virgílio. Abraço. Helder.

1:17 da tarde  

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