CINEMA
O CAIMÃO
Nani Moretti, 2007
Nani Moretti, 2007
Já tinha tentado ir ver este filme numa das minhas obrigatórias idas a Lisboa, mas agora que o tinha aqui à mão no cine-clube de Faro, era imperdível. Pareceu-me que Nani cineasta, quiz mostrar que é possível driblar e ultrapassar o sarrafeiro Berlusconi, cuja história de esperto milionário que chegou a PM se confunde com a actual realidade italiana. Contudo não leva Berlusconi ao tapete porque não desmonta, nem pelo diálogo nem por imagens, os artifícios subterrâneos do poder de compra e arregimentário dum esperto subitamente surgido milionário armado de poderosos meios mediáticos. Também se absteve de mexer no futebol que, lá como cá, é por onde começa o branqueamento do passado e a entrada, imaculada e intocável, em cena na novela de novos-ricos da alta roda.
Também a burlesca história familiar do produtor com os amores pessoais, a desfazerem-se com a mulher e levemente insinuados com a realizadora, contados por peripécias de conduta e atitudes lamechas (salva-se a irresistível invasão do palco quando a mulher cantava Bach no coro), que se pretende seja uma história paralela ao assunto berlusconiano para o reforçar, afinal contribuem para a fragilização da mensagem final do filme.
No fim, o filme que pretende demolir Berlusconi, ou melhor, os métodos berlusconianos de tomada de poder, não atinge de morte o seu objectivo porque utiliza formas e conteúdo semelhantes aos martelados diáriamente na cabeça do público pela televisão e que já se habituou a vê-los como entretenimento. O filme "A Vida é Bela", que a partir de uma história de amor familiar paternal nos convida a repugnar o horror da guerra, acaba por ser mais eficaz politicamente que este Caimão que, no final ainda nos deixa a dúvida, sob ameaça, da legitimidade entre o direito e o eleito.
Também a burlesca história familiar do produtor com os amores pessoais, a desfazerem-se com a mulher e levemente insinuados com a realizadora, contados por peripécias de conduta e atitudes lamechas (salva-se a irresistível invasão do palco quando a mulher cantava Bach no coro), que se pretende seja uma história paralela ao assunto berlusconiano para o reforçar, afinal contribuem para a fragilização da mensagem final do filme.
No fim, o filme que pretende demolir Berlusconi, ou melhor, os métodos berlusconianos de tomada de poder, não atinge de morte o seu objectivo porque utiliza formas e conteúdo semelhantes aos martelados diáriamente na cabeça do público pela televisão e que já se habituou a vê-los como entretenimento. O filme "A Vida é Bela", que a partir de uma história de amor familiar paternal nos convida a repugnar o horror da guerra, acaba por ser mais eficaz politicamente que este Caimão que, no final ainda nos deixa a dúvida, sob ameaça, da legitimidade entre o direito e o eleito.
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