AS GUERRAS DE JOAQUIM FURTADO
Iº EPISÓDIO
Pela amostra deste 1ºepisódio parece que JF quer conciliar, dar uma perspectiva conciliatória, das três guerras que se travaram no Ultramar, que sendo uma só, tem designações conforme a trincheira de cada combatente. E também pela abertura do filme, com arranque de depoimentos dos três lados e respectivos pontos de vista, sobre pormenores de actuação e horror no terreno de guerra, parece indiciar que se quer "dar um filme sobre a guerra" e não um "filme da história da guerra".
Num filme da história da guerra este iniciar-se-ia com uma análise circunstanciada do estado do mundo e sua dinâmica política e social desse tempo no conjunto do jogo da guerra fria, enquadrando e explicando a guerra no espírito da época. Parece que também aqui, ao inclinar-se para um filme da guerra e não para um estudo histórico da guerra, evitando salientar e esclarecer históricamente o gradiente de responsabilidades, vai no sentido de uma perspectiva conciliatória das três frentes. Ora, com grande parte dos intervenientes ainda vivos, pode esta guerra filmada contribuir conciliatóriamente, mas será pequeno contributo. Veja-se que passados mais de trinta anos cada parte refugia-se na sua designação que dá à mesma guerra e isso tem um significado divergente preciso.
Também este episódio revela a esperteza dos nossos políticos, polícia política e colonos. Face a indícios e "panfletos" que circulavam nas vésperas do 15 de Março de 1961, preferiram sempre apostar na fidelidade dos indígenas perante o branco. Até a Pide, sempre tão atenta à oposição interna, descansou na confiança e nos 500 anos de submissão dos "pretos", e perante papéis e dados públicos duvidosos, preferiu vigiar os brancos em Luanda. Os políticos face aos relatórios disseram nada, os colonos face à necessidade de protecção militar pediram armas para si que era quanto bastava. Não contavam com a inteligência dos nativos e estes pura e simplesmente na noite do assalto, quando os fazendeiros dormiam, roubaram-lhes as armas. E foi o massacre.
Num filme da história da guerra este iniciar-se-ia com uma análise circunstanciada do estado do mundo e sua dinâmica política e social desse tempo no conjunto do jogo da guerra fria, enquadrando e explicando a guerra no espírito da época. Parece que também aqui, ao inclinar-se para um filme da guerra e não para um estudo histórico da guerra, evitando salientar e esclarecer históricamente o gradiente de responsabilidades, vai no sentido de uma perspectiva conciliatória das três frentes. Ora, com grande parte dos intervenientes ainda vivos, pode esta guerra filmada contribuir conciliatóriamente, mas será pequeno contributo. Veja-se que passados mais de trinta anos cada parte refugia-se na sua designação que dá à mesma guerra e isso tem um significado divergente preciso.
Também este episódio revela a esperteza dos nossos políticos, polícia política e colonos. Face a indícios e "panfletos" que circulavam nas vésperas do 15 de Março de 1961, preferiram sempre apostar na fidelidade dos indígenas perante o branco. Até a Pide, sempre tão atenta à oposição interna, descansou na confiança e nos 500 anos de submissão dos "pretos", e perante papéis e dados públicos duvidosos, preferiu vigiar os brancos em Luanda. Os políticos face aos relatórios disseram nada, os colonos face à necessidade de protecção militar pediram armas para si que era quanto bastava. Não contavam com a inteligência dos nativos e estes pura e simplesmente na noite do assalto, quando os fazendeiros dormiam, roubaram-lhes as armas. E foi o massacre.
Etiquetas: guerra colonial
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home