NATAL
TROCAS
É uma aflição de gente nas lojas, shoppings, fnacs, etc, assoberbados de embrulhos ou de listas em punho junto dos artigos apelativamente expostos. Junto das caixas registadoras há fila permanente para pagar e depois filas para embrulhar nataliciamente as prendas. Os telemóveis apitam e indicam dezenas de mensagens recebidas depois de outras tantas enviadas. As cidades, vilas, aldeias e até os pequenos lugarejos perdidos no barrocal ou na serra, estão emfeitados de luzes desenhando motivos alusivos à quadra.
Não há dúvida é Natal. Ninguém fica às escuras, ninguém fica de fora, ninguém consegue escapar à omnipresença de tal Natal.
Este Natal normalizado é um frenezim de trocas de prendas e de palavras. A troca de prendas movimenta o comércio e ajuda o emprego, a troca de palavras, quase normalmente, movimenta esperanças e ajuda ao ruido piedoso-paternalista. Nos jornais e televisões aparece todo o tipo de pré-fabricados em linhas de montagem de notoriedades a trocar palavras connosco, sem nosso consentimento, desejando para nós o que eles gostam de ser e gostariam de transformar a nós e ao mundo. Estes "notados" do palavreado invariavelmente insinuam que "...se pudessem davam às pessoas, especialmente aos mais desfavorecidos, tudo o que elas precisam para serem felizes". A aldrabice está em que estas luminárias sabem que não podem nem fazem nada para um dia poder fazer o que dizem que fariam "se pudessem". Aliás, se tal acontecesse essa gente punha em risco automáticamente o seu chorudo ganha pão que é precisamente a exploração do analfabetismo cultural da maioria, e como tal trata-se tão somente de palavreado de circunstancia. São os novos vendedores de banha-da-cobra, propagandeiam esperanças e depois vendem ilusões.
Exemplos, no "Correio da Manhã" de ontem: um gostava de oferecer um estado de direito para o país, outro gostava de dizer umas coisas aos políticos que governam sem vergonha a vergonha do país que temos, outra gostava de fazer feliz todos os que ficam de fora e andam tristes.
Vindo de tais notados a interpretação só pode ser; o primeiro quer dar ao país "um estado de direito", claro aquele "um" é o seu estado de direito pessoal. O outro queria dizer umas coisas aos sem vergonha dos políticos mas, ele que passa os dias de microfone à boca, queria mas não diz, pura falácia de boca medrosa e do faz de conta. A outra, patroa da má língua, quer dar mas passa a vida vendendo felicidades postiças e efémeras na televisão, não só no Natal mas diariamente bem se esforça a dona para dotar os portugueses e portuguesas da sua sorridente felicidade.
Rapare-se que esta gente nunca fala do que quer receber mas sim do que gostava de dar. O que querem para si sabem eles bem e melhor ainda sabem que o podem adquirir dado o seu potencial económico.
Se os poetas são sinceros fingidores da sua própria dor estes "notabloides" são apenas falsas máquinas fingidoras das dores alheias.
Um bom dia de Natal e dias bons para o Novo Ano.
Não há dúvida é Natal. Ninguém fica às escuras, ninguém fica de fora, ninguém consegue escapar à omnipresença de tal Natal.
Este Natal normalizado é um frenezim de trocas de prendas e de palavras. A troca de prendas movimenta o comércio e ajuda o emprego, a troca de palavras, quase normalmente, movimenta esperanças e ajuda ao ruido piedoso-paternalista. Nos jornais e televisões aparece todo o tipo de pré-fabricados em linhas de montagem de notoriedades a trocar palavras connosco, sem nosso consentimento, desejando para nós o que eles gostam de ser e gostariam de transformar a nós e ao mundo. Estes "notados" do palavreado invariavelmente insinuam que "...se pudessem davam às pessoas, especialmente aos mais desfavorecidos, tudo o que elas precisam para serem felizes". A aldrabice está em que estas luminárias sabem que não podem nem fazem nada para um dia poder fazer o que dizem que fariam "se pudessem". Aliás, se tal acontecesse essa gente punha em risco automáticamente o seu chorudo ganha pão que é precisamente a exploração do analfabetismo cultural da maioria, e como tal trata-se tão somente de palavreado de circunstancia. São os novos vendedores de banha-da-cobra, propagandeiam esperanças e depois vendem ilusões.
Exemplos, no "Correio da Manhã" de ontem: um gostava de oferecer um estado de direito para o país, outro gostava de dizer umas coisas aos políticos que governam sem vergonha a vergonha do país que temos, outra gostava de fazer feliz todos os que ficam de fora e andam tristes.
Vindo de tais notados a interpretação só pode ser; o primeiro quer dar ao país "um estado de direito", claro aquele "um" é o seu estado de direito pessoal. O outro queria dizer umas coisas aos sem vergonha dos políticos mas, ele que passa os dias de microfone à boca, queria mas não diz, pura falácia de boca medrosa e do faz de conta. A outra, patroa da má língua, quer dar mas passa a vida vendendo felicidades postiças e efémeras na televisão, não só no Natal mas diariamente bem se esforça a dona para dotar os portugueses e portuguesas da sua sorridente felicidade.
Rapare-se que esta gente nunca fala do que quer receber mas sim do que gostava de dar. O que querem para si sabem eles bem e melhor ainda sabem que o podem adquirir dado o seu potencial económico.
Se os poetas são sinceros fingidores da sua própria dor estes "notabloides" são apenas falsas máquinas fingidoras das dores alheias.
Um bom dia de Natal e dias bons para o Novo Ano.
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