quarta-feira, dezembro 19, 2007

AS GUERRAS DE JOAQUIM FURTADO IX









9º EPISÓDIO


Explicadas as predisposições salazaristas teimosamente intransigentes quanto a qualquer possibilidade de entendimento com os movimentos macionalistas, estes lançaram-se na guerra em Angola e Guiné e após algum recuo perante a investida inicial das nossas tropas, no meio do ano de 64 já nos confrontavam militarmente e causavam sérios danos nas nossas forças militares, especialmente na Guiné, como vimos neste episódio. Assim, a narrativa fílmica vira-se para a descrição das operações de envergadura planeadas pelos altos comandos e executadas por grossos meios militares, como a ocupação da ilha de Como que este episódio nos dá a conhecer com pormenores dos acontecimentos contados por intervenientes directos de ambos lados. Vê-se claramente como uma tropa actuando com meios clássicos de deslocação e logística no meio da mata se torna pesado, de pouca mobilidade e rápido desgaste fisico e moral, restando-lhe quase sempre a necessidade de actuar apenas em sua defesa prória, ao contrário do guerrilheiro que, no seu meio natural, descalço e com uma arma às costas, se move na mata como uma lagartixa e ataca de surpresa.
Indo o estado da guerra já no ano de 64, forçosamente JF tinha de nos contar as causas e motivações do início da guerra em Moçambique que se deu em fins desse ano. Grande parte do episódio é dedicado a contar as peripécias internas dos movimentos e destes perante os chefes dos países africanos, já independentes, e que apioavam e exigiam a unidade dos movimentos de libertação para o lançamento e êxito da luta armada. Ficámos a saber que a FRELIMO nasceu da imposição africana dessa unidade que foi apenas feita ficticiamente no papel. A luta armada acabaria por iniciar-se à pressa e mal preparada só para haver um primeiro.
E também com Moçambique, Lisboa perde uma nova oportunidade de enveredar por uma política apaziguadora. Mondlane bem esperou argumentando, junto dos seus, com dúvidas sobre a luta armada, certamente baseado nas promessas sonsas que Adriano Moreira lhe insinuava. Mais uma vez AM andou a semear esperanças que sabia não poder cumprir. Tal como em Angola com Deslandes, levou para Moçambique Sarmento Rodrigues cujo pensamento ia no sentido de uma abertura política dirigida para uma descolonização pacífica e integrada. Quando Salazar, avisado pidescamente, soube de tal idéia tida à sua revelia, despediu todos e colocou no seu lugar pessoal sem qualquer idéia ou pensamento descoincidente do seu.
Outra vez, uns merdosos dirigentes liberais, se encolheram face a Salazar e a guerra abriu nova e longa frente para mal dos soldados de Portugal.

Etiquetas: