segunda-feira, dezembro 01, 2008

JOÃO BARRA BEXIGA , A HOMENAGEM


O MOMENTO DA ARTE
As coisas grandes são grandes pelo sentimento do merecido, do justo, do belo que nos despertam e tomam a nossa consciência de assalto ocupando-a integral e exclusivamente por momentos que ficam inesquecíveis. O grande é grande não por ser monstruoso mas quando o homem comum, fazedor de coisas normais, sentindo-se ele próprio, conscientemente, pequeno perante a sua constatação do que é belamente grande, se torna admirador assumido racional e sentidamente, do Homem capaz dessa grandeza criadora do maravilhoso gerado na alma e nascida pela mão do Artista. Uma alta montanha é grande pela impressão grandiosa transmitida pela beleza criativa da mãe Natureza, uma escultura, uma pintura, um poema, uma música é grande pela grandeza da impressão que nos transmite a beleza criativa do Artista e que lhe guia a mão.

Na festa do dia 29, no Teatro da Figuras em Faro, de homenagem ao Homem João Barra Bexiga e à sua Obra de compositor de música para acordeão, aconteceu um momento raro de comunhão de sentimentos entre público e homenageado: uma beleza grande, logo um momento inesquecível. Foi uma verdadeira celebração em honra do Homem simples, auto-didata criador duma Obra notável reconhecida por entendidos e não entendidos. Os entendidos reconhecem pela pauta musical, pela composição, pela técnica e pela harmonia, os não entendidos sabem que aqueles sons representam emoções, paixões, impressões, sentimentos, elevados estados de alma inspiradores que eles conheceram ao longo da vida do Artista.

Um momento houve que consagra um Artista, aquele visto através de um filme que mostra o Mestre tocando numa taberna com copos sobre as mesas e gente simple à volta. Num local onde normalmente a conversa e o ruido abafa qualquer outro som, todos escutavam estáticos, num silêncio total submisso e atencioso virados para o Mestre, como que comungando com ele as emoções e sentimentos originais que inspiraram a música que ouviam, sentiam e através da qual se identificavam consubstancialmente com o seu criador. Foi um momento de impacto total entre Arte e o seu efeito, foi um momento hipnótico. Foi O Momento da Arte.

Tudo bonito com um senão: o Mestre João Barra Bexiga devia ter sido chamado ao centro do palco, ele unicamente e só, para receber a ovação merecida por ele mesmo e valor próprio, que não precisa de muletas.

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