segunda-feira, março 05, 2012

OS NOVOS PITAGÓRICOS


O pitagorismo, uma tentativa filosófica de base fundamentalista que tentou a explicação do ser e existir humano a partir do "número" e da "matemática", embora deixando importantes e valiosas raízes nessas áreas do saber, nunca se transformou numa verdadeira filosofia, não obstante tenha tido discípulos tardios em Roma.
Aristóteles desprezou e combateu o pitagorismo como filosofia, não os números e a matemática como ciências úteis para o homem, mas a sua ingerência abusiva na filosofia: se fosse o "número" a conformar e exprimir a estrutura da realidade, "das coisas que são", no dizer de Aristóteles, o Universo seria um tecido de ritmos, tudo podia ser reduzido a um esquema matemático. A pergunta de Tales "conhece-te a ti próprio", colocada no frontespício de Delfos e fundadora da filosofia, não teria sentido ou razão de ser.
Os dons e argumentos do pitagorismo foram "música"(harmonia) e "matemática", duas filhas do "número" e não da palavra. E a verdadeira filosofia, para Aristóteles, está no ser que se interroga segundo o pensamento racional, que se questiona a sí próprio sobre o ser e a existência e a relação desta com o meio exterior e o saber adquirido: repudia que um saber ou conhecimento, embora válido como ciência, possa ser explicação inquestionável para definir a existência e o modo de existência do ser.
Os "números" sagrados que os pitagóricos tomavam como divindades misteriosas eram instrumentos de domínio e de acção oculta, algo obscuro e exterior à inteligência racional, ao logos do ser. Os pitagóricos eram pensadores que atribuiam um logos ao "número" e, desse modo teriam elaborado, entre sí, uma explicação ou método explicativo do ser e modo de existir do homem: no fundo um determinismo imposto pelo "número".
Depois da crítica de Aristóteles ao pitagorismo foi vencido o determinismo do "número" e o ser e o existir fez o homem voltar-se novamente para a utopia.
Os novos e actuais representantes renascidos das cinzas da escola pitagórica são os economistas. Os pitagóricos, hoje, são os economistas, também eles querem e se afanam em explicar e impôr a vida segundo os "números" e erram sempre sobre a vida dos homens.

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