quinta-feira, novembro 17, 2011

0 BURACO NEGRO

ONDE TUDO QUE FOI, É NADA.


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A vida é uma faísca na noite que arde
correndo veloz e logo se apaga.
É folha leve solta ao vento que caia
do alto da montanha e cedo ou tarde
tomba na terra. É onda que foi vaga
altiva feita espuma no areal da praia.
É um ar que dá, apanha e passa veloz,
um ar que deu que bate e foge,
um fugaz encontro connosco a sós
com o tempo que nos circunscreve
futuro e passado, que eterno e breve
todo impassível tudo reduz a hoje.
É o tempo breve de uma alegria
bela seguida de um violento queixume.
É o relâmpago que brilha um dia
instante no meio do eterno negrume.
É o brilho que já vi em tanta fala,
tanto olhar, tanto amor e tanta praga,
que já vi no ouro e na caca rala,
na luz e na sombra, no risco da bala
luzente que mal se eleva cai e apaga,
na luz divina e luz dos homens a negá-la,
em tudo que terra iguala e tempo traga
pelo buraco negro e boca desdentada
sem fim onde tudo que foi, é nada.

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